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Sagot :
Resposta:
Crítica da razão negra, de Achille Mbembe (original em francês pela editora La Découverte, 2013), é um desses livros que nasceu já clássico: clássico não no sentido de antigo, ou imune à passagem do tempo, mas no sentido borgeano de ter sido escolhido por uma comunidade de leitores como leitura obrigatória. E o livro é, de fato, leitura obrigatória não apenas para aqueles que se interessam pela questão do “negro”,1 mas para todos aqueles que, de alguma forma, se interessam pela relação entre raça e modernidade, ou posto de outra maneira: raça, Estado e mercado. Porque o que o autor denomina devir-negro do mundo é, concretamente, uma teoria explicativa das relações entre o pensamento racial no mundo ocidental e a emergência da modernidade em sua relação intrínseca com o desenvolvimento do Estado moderno e do capitalismo, sobretudo da chamada acumulação primitiva do capital (que, diga-se de passagem, tanto Mbembe como a teórica italiana Silvia Federici não veem como uma etapa superada do desenvolvimento do capitalismo,
Explicação:
1) Discursos ficcionais que visam valorizar a história esquecida dos negros é o sentido de fabulação do negro. Logo, a alternativa B está correta.
2) Os discursos filosóficos ocidentais são marcados pela presença do negro como a ausência da compreensão efetiva de seu significado. Logo a alternativa C é a correta.
3) Ter sido provada e compartilhada por brancos e negros, independente de cor, raça e credo. Logo, a alternativa C é a correta.
A insistência com a temática racial em uma matéria universal como a filosofia obedece os ditames politicamente corretos da nossa época: quer-se politizar não só o estudo do pensamento clássico como também as ciências exatas e cada outro aspecto da vida estudantil.
A predominância do pensamento europeu, por exemplo, é a predominância do pensamento do homem ocidental, que inclui negros, pardos, amarelos, brancos, heterossexuais, homossexuais, mulheres, crianças e velhos. É o legado que Sócrates, Platão, Aristóteles, Epicteto, Marco Aurélio, Santo Agostinho, São Tomás, Descartes, Hume, Kant, Hegel, Nietzsche, Husserl e tantos outros deixaram para nós, independente da nossa cor, raça, credo ou sexo.
Mais do que negro ou branco, tais autores tiveram como tarefa expandir nosso horizonte de consciência - tarefa esta essencial da literatura e da filosofia.
Há uma força que busca politizar e ideologizar até mesmo a filosofia antiga - ou seja, a sabedoria universal criada para além dos problemas locais de cor, sexo, preconceito, religião etc. Em outras palavras, o intuito é politizar até mesmo a vida comum, o trabalho e a família das pessoas.
Por quê?
Porque se cada ato humano é ideologizado e abarcado pelo conceito de "luta", a luta se autojustifica no seu reducionismo raso: deixa-se de se enxergar que a vida é muito mais complexa do que a dicotomia opressor-oprimido que enxerga em tudo algum resquício de racismo estrutural.
Um dos exemplos mais escancarados se dá com a própria filosofia:
O papel do ensino da filosofia não é combater nem reforçar a predominância de qualquer tipo de pensamento, mas sim de colocar o leitor ou ouvinte da filosofia em contato com a realidade. É a contemplação da complexidade, não a ação simplória e militante.
Neste sentido, a realidade nos exige a pergunta séria: o que é pensamento branco e o que é pensamento negro? O pensamento pode ser classificado pela cor de pele de quem o pensa?
Machado de Assis, negro, é representante do pensamento negro? Lima Barreto? Cruz e Sousa? E Joaquim Nabuco, branco, estudado na Europa e abolicionista, era representante do pensamento tido como "branco"?
Nelson Mandela, ex-terrorista e, posteriormente, ativista político, pode ser considerado um pensador, tal como é Sócrates, Platão ou, até mesmo, os filósofos do próprio século XX, contmeporâneos de Mandela, como Roger Scruton?
A dicotomia criada apenas serve para reforçar uma narrativa de racismo estrutural - o que implica, na realidade, em colocar boa dose de racismo na premissa da pergunta.
Reduzir a filosofia à dicotomias deste tipo é reduzir o tamanho gigantesco e milenar da filosofia à um problema circunstancial que deve ser, sim combatido, mas sem o sacrifício da filosofia aos ditames politicamente corretos que os tempos contemporâneos tentam exigir.
Para saber mais: brainly.com.br/tarefa/19238049
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