Questão 06
Leia.
SOBRE A
ORIGEM DA POESIA
A origem da poesia
se confunde com a origem da própria linguagem.
Talvez fizesse
mais sentido perguntar quando a linguagem verbal deixou de ser poesia. Ou: qual
a origem do discurso não poético, já que, restituindo laços mais íntimos entre
os signos e as coisas por eles designadas, a poesia aponta para um uso muito
primário da linguagem, que parece anterior ao perfil de sua ocorrência nas
conversas, nos jornais, nas aulas, conferências, discussões, discursos,
ensaios ou telefonemas [...]
No seu estado de
língua, no dicionário, as palavras intermedeiam nossa relação com as coisas,
impedindo nosso contato direto com elas. A linguagem poética inverte essa
relação, pois, vindo a se tornar, ela em si, coisa, oferece uma via de acesso
sensível mais direto entre nós e o mundo [...]
Já perdemos a
inocência de uma linguagem plena assim. As palavras se desapegaram das coisas,
assim como os olhos se desapegaram dos ouvidos, ou como a criação se dasapegou
da vida. Mas temos esses pequenos oásis – os poemas – contaminando o deserto de
referencialidade.
(ARNALDO
ANTUNES)
No último
parágrafo, o autor se refere à plenitude da linguagem poética, fazendo, em
seguida, uma descrição que corresponde à linguagem não poética, ou seja,
à linguagem referencial.
Pela
descrição apresentada, a linguagem referencial teria, em sua origem, o
seguinte traço fundamental: (2,0)
a) O desgaste da
intuição
b) A dissolução da
memória
c) A fragmentação
da experiência
d) O
enfraquecimento da percepção
Questão 07
Leia os textos
abaixo para responder à questão:
Texto 1
Descuidar
do lixo é sujeira
Diariamente, duas
horas antes da chegada do caminhão da prefeitura, a gerência de uma das filiais
do McDonald’s deposita na calçada dezenas de sacos plásticos recheados de
papelão, isopor, restos de sanduíches. Isso acaba propiciando um lamentável
banquete de mendigos. Dezenas deles vão ali revirar o material e acabam
deixando os restos espalhados pelo calçadão. (Veja São Paulo, 23-29/12/92)
Texto 2
O
bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
(Manuel
Bandeira. Em Seleta em prosa e verso. Rio de Janeiro: J. Olympio/MEC, 1971,
p.145)
I. No
primeiro texto, publicado por uma revista, a linguagem predominante é a
literária, pois sua principal função é informar o leitor sobre os tr