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Sagot :
Resposta:
Uma vez perdido esse elo mágico com o todo, contudo, a história da filosofia e da ciência não deixa de ser a história da produção de outros conjuntos de partes e todos, e de discursos que os conectam. Assim, se criar objetos de reflexão é subtraí-los a um todo natural, é também instalá-los numa relação outra entre todo e partes componentes. Pode-se dizer também que objetos científicos novos nascem quando o que era parte, numa construção anterior, ganha tanta atenção que passa a se constituir num novo todo1. Assim, nem bem nasce um objeto para o pensamento científico, definir o que é a parte e o que é o todo deste - e como se relacionam, e se transformam - é seu primeiro grande desafio. Muito provavelmente, os métodos de investigação se distingam uns dos outros a partir desse primeiro procedimento, de secção e reunião. Perguntamo-nos, no caso da economia, o que é a parte e o que é o todo? Podemos dizer que a parte é a unidade de ação/decisão, as pessoas - mais ou menos individualizadas2 -, ou, simplesmente, o indivíduo; e o todo é a sociedade - eventualmente a tribo, clã, cidade, império, ou nação geográfica, mas também historicamente (e até politicamente) delimitados? E como se dá a relação entre partes e todo nesse caso? Ou, até que ponto as ações dos indivíduos “fazem” o todo (suas instituições, valores, leis), e até que ponto é o todo que “faz” os indivíduos? Além disso, se ocorre inventarmos uma ciência nova para a parte que “cresceu”, como é a psicologia para o estudo do indivíduo, como as novas descobertas desta vão ser compreendidas pela ciência já estabelecida? Não corremos o risco de que o indivíduo se torne cada vez mais “soberano” e que, por tabela, sobrevalorize as determinações próprias do todo do qual é parte? Ou, ao contrário, as contribuições de uma ciência dedicada ao estudo do indivíduo poderiam cobrir lacunas dentro das teorias que, centrando-se no todo, esvaziavam o seu papel?
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