Nos textos narrativos ficcionais, o narrador pode se valer de três tipos de discurso para registrar as falas das personagens: o discurso direto, o discurso indireto e o discurso indireto livre. O texto a seguir é um trecho do conto “Menino”, de Lygia Fagundes Telles. A ação que nele acontece é a sequência do momento em que mãe e filho sentam-se num cinema e o filho reclama que quer mudar de lugar, porque não está enxergando direito.
Ela apertou-lhe o braço. Esse gesto ele conhecia bem e significava apenas: não insista!
- Mas, mãe...
Inclinando-se até ele, ela falou-lhe baixinho, naquele tom perigoso, meio entre dentes e que era usado quando estava no auge: um tom tão macio que quem a ouvisse julgaria que ela lhe fazia um elogio. Mas só ele sabia o que havia debaixo daquela maciez.
- Não quero que mude de lugar, está me escutando? Não quero. E não insista mais.
Contendo-se para não dar um forte pontapé na poltrona da frente, ele enrolou o pulôver como uma bola e sentou-se em cima. Gemeu. Mas por que aquilo tudo? Por que a mãe lhe falava daquele jeito, por quê? Não fizera nada de mal, só queria mudar de lugar, só isso... Não, desta vez ela não estava nem um pouquinho camarada. Voltou-se então para lembrar-lhe que estava chegando muita gente, se não mudasse de lugar imediatamente, depois não poderia mais porque aquele era o último lugar vago que restava [...].
(Venha ver o pôr do sol e outros contos. São Paulo: Ática, 1988.p.74)
4. Nos quatro parágrafos iniciais do texto, observa-se a presença de mais de um discurso: o do narrador e o das personagens. Que tipo de discurso foi empregado na fala das personagens e qual o sinal de pontuação utilizado?