Estava chovendo quando um sujeito de casaca, chapéu de coco, bigodinho e cara tristonha passara por uma rua qualquer com seus buracos e rachaduras. Imagine só: do lado esquerdo dessa rua nós encontramos diversas barraquinhas: de peixe, quitanda, verduras, frutas -era um alvorecer ao domingos; do outro havia um cemitério, que anos depois seria fechado por indisponibilidade pública, os leitores já devem imaginar o porquê: a natureza da esquerda contrastava a direita.Pois bem, o sujeitinho beirando ao 50 e tanto, chamava-se Bezerra, estava confuso, não sabia o que estava fazendo naquela monotomia e no meio da chuva!Sentia-se atraído como que por um imã pelo cemitério, sem mais delongas entrou com passos rápido como se estivesse sendo seguido, olhou para o portão adentro para vê se havia algum segurança por perto, felizmente nada viu.
Naquele mesmo instante estava acontecendo um enterro, de um não sei quem desimportante, Bezerra, olhou com olhos de águia e ouvidos de elefante para descobrir trama daquela choradeira sem choro e fuchicos, perguntou para um rapaz o que estava acontecendo:
—Quem é o falecido? Morreu de que?Era de bens?Morava onde?
—O falecido é José Bezerra, morreu baleado ontem, sabe, pagou um débito com a vida, era rico e uma boa esposa, mas sem filhos, morava numa da maiores mansões da cidade, ah!, sim, tens que ver, no entanto era de muita opulenta tristeza, vivia em mágoas.
Bezerra ficou trêmulo, tirou algo do bolso: a carteira de identidade, para sua felicidade ela desconfirmou o que ele desconfiava, depois acamou-se, também descobriu onde morava e quem era. Voltou para casa.
Na manhã seguinte morreu, com uma expressão feliz.
