3) Os distúrbios na Inglaterra começaram com uma dimensão racial. São afloramentos da sociabilidade colonial que continua a dominar as nossas sociedades, muito tempo depois de terminar o colonialismo político. Um jovem negro das nossas cidades vive cotidianamente uma suspeição social que existe independentemente do que ele ou ela seja ou faça. Tal suspeição é tanto mais virulenta quando ocorre numa sociedade que se mostra distraída pelas políticas oficiais da luta contra a discriminação e pelas fachadas do multiculturalismo e da globalização cosmopolita. (...) São sinais dos limites extremos da ordem democrática.
Estamos perante uma denúncia política violenta de um modelo social e politico que tem recursos para resgatar bancos e não os tem para resgatar a juventude de uma vida sem esperança, do pesadelo de uma educação cada vez mais cara e mais irrelevante, dados o aumento do desemprego e o complemento abandono em comunidades que as políticas públicas antissociais transformaram em campos de treino da raiva, da anomia e da revolta. Entre o poder neoliberal instalado e os amotinados urbanos há uma simetria assustadora. A indiferença social, a arrogância, as distribuições injustas dos sacrifícios estão a semear o caos, a violência e o medo.

Com base na leitura do texto "Londres em chamas: O caos da ordem", Boaventura de Sousa Santos afirma que
A. A violência se mostra como problema isolado apesar das semelhanças entre o neoliberalismo e os motins na Inglaterra.
B. O individualismo, a indiferença social e o medo da diversidade são consequências camufladas de uma prática neoliberalista.
C. A política democrática necessita de uma hierarquia para que as reais necessidades de uma classe social sejam sanadas.
D. A violência social, a desigualdade e o racismo são gerados pela situação miserável de algumas pessoas que pouco contribuem.
E. A pobreza e o multiculturalismo geram violência e caos social devido as heranças de um colonialismo político.