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Esaú e Jacó
Capítulo LVI
O dia seguinte trouxe à menina Flora a grande novidade. Sábado seria assinado o decreto; a
presidência era no Norte. D. Cláudia não lhe viu a palidez, nem sentiu as mãos frias, continuou a
falar do caso e do futuro, até que Flora, querendo sentar-se, quase caiu. A mãe acudiu-lhe:
– Que é? Que tens?
– Nada, mamãe, não é nada.
A mãe fê-la sentar-se.
– Foi uma tonteira, passou.
D. Cláudia deu-lhe a cheirar um pouco de vinagre, esfregou-lhe os pulsos; Flora sorriu.
– Este sábado? perguntou.
– O decreto? Sim, este sábado. Mas não digas por ora a ninguém; são segredos de gabinete.
É coisa certa; enfim, alguém nos fez justiça; provavelmente o imperador. Amanhã irás comigo a
algumas encomendas. Faze uma lista do que precisas.
Flora precisava não ir e só pensava nisso. Uma vez que o decreto estava prestes a ser assinado,
não havia já desaconselhar a nomeação; restava-lhe a ela ficar. Mas como? Todos os sonhos são
próprios ao sono de uma criança. Não era fácil, mas não seria impossível. Flora cria tudo; não tirava
o pensamento de Aires, e já agora de Natividade também. Os dois podiam fazê-lo, ou antes os três,
se contardes também o barão, e se vier a cunhada deste, quatro. Juntai aos quatro as cinco estrelas
do Cruzeiro, as nove musas [...] e mártires... Juntai-os todos, e todos poderiam fazer esta simples
ação de impedir que Flora fosse para a província. Tais eram as esperanças vagas, rápidas, que
corriam a substituir as tristezas do rosto da moça, enquanto a mãe, atribuindo o efeito ao vinagre,
ajustava a rolha de vidro ao frasco, e restituía o frasco ao toucador.
– Faze uma lista do que precisas, repetiu à filha.
– Não, mamãe, eu não preciso nada.
– Precisas, sim, eu sei o que precisas.
O contexto histórico desse texto está relacionado
A) à época da Primeira República.
B) à proclamação da Independência.
C) ao declínio do Brasil Colônia.
D) ao início da Era Vargas.
E) ao período do Império brasileiro.