OS DIFERENTES
Descobriu-se na Oceania, mais precisamente na ilha de Ossevaolep, um povo primitivo, que anda de cabeça para baixo e tem vida organizada. É aparentemente um povo feliz, de cabeça muito sólida e mãos reforçadas. Vendo tudo ao contrário, não perde tempo, entretanto, em refutar a visão normal do mundo. E o que eles dizem com os pés dá a impressão de serem coisas aladas, cheias de sabedoria. Uma comissão de cientistas europeus e americanos estuda a linguagem desses homens e mulheres, não tendo chegado ainda a conclusões publicáveis. Alguns professores tentaram imitar esses nativos e foram recolhidos ao hospital da ilha. Os cabecences- para-baixo, como foram denominados à falta de melhor classificação, têm vida longa e desconhecem a gripe e a depressão. (ANDRADE, Carlos Drummond de. Prosa Seleta. Rio de Janeiro: Nova Aguillar, 2003, p. 150.)
a) No texto I, identifica-se o povo da ilha de Ossevaolep por um neologismo: cabecense para baixo.
a) Identifique os processos de formação de palavras utilizados para a criação desse neologismo.
b) Considerando o conhecimento que os observadores têm do povo de Ossevaolep, responda: por que se afirma, no texto I, que o neologismo foi criado “à falta de melhor classificação”?