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Preconceito na escola
Não há um único dia em que vários preconceitos, dos mais diversos tipos, não se expressem em ambiente escolar. Aliás, é no mínimo estranho que tenhamos tantas preocupações e campanhas contra o chamado bullying na escola, e pouco ou quase nada contra o preconceito. Afinal, a maior parte dos comportamentos de assédio moral nascem de preconceitos!
Nesta semana tivemos notícia de dois episódios de preconceito na escola: o da mãe que recebeu um bilhete da professora pedindo para aparar ou prender o cabelo dos filhos –fato ocorrido em nosso país–, e o da garota negra lanchando sozinha ao lado de uma mesa com vários colegas brancos juntos –este, ocorrido na África do Sul.

Muita gente se indignou, mas muita gente também não viu nada de mais em ambos os casos. Choveram justificativas e até acusações para explicar as situações, o que sinaliza como é difícil reconhecer nossos preconceitos e, acima de tudo, conter suas manifestações e colaborar para que a convivência social seja mais digna.

Por que enviamos nossos filhos para a escola? Hoje, não dá mais para aceitar como uma boa razão apenas o ensino das disciplinas do conhecimento. Isso pode acontecer –e tem acontecido muito– em casa, em pequenos grupos informais, na internet, com tutores etc. Para preparar para o vestibular? Essa razão é pobre em demasia para motivar o aluno a aprender. Para que nossos filhos garantam um futuro de sucesso? O estudo escolar não oferece mais essa garantia.

Deveríamos ter como forte razão para enviar nossos filhos à escola o preparo para a cidadania, ou seja, o ensino dos valores sociais que vão colaborar para a formação de um cidadão de bem. Poucos, porém, têm dado valor a isso, mesmo com fortes motivos para valorizar essa justificativa, já que, se a vida social vai bem, a vida pessoal melhora. Por outro lado, quando a vida social não é saudável, a vida pessoal sofre e adoece.

Ensinar a reconhecer os principais preconceitos de nossa sociedade, suas várias formas de manifestação e como combatê-los é função das mais importantes da escola. Mas, pelo que temos visto, ela ignora o senso crítico e, dessa maneira, não estimula o respeito às diferenças, tampouco incentiva a solidariedade entre os colegas, nem ensina a boa convivência.

A boa convivência exige empatia e generosidade, entre outras virtudes, já que conviver com a diferença é doloroso, e por isso há quem tente anular a diferença com manifestações de preconceito, por exemplo. A convivência também precisa, e muito, da tolerância à frustração, porque conviver significa, quase sempre, ter de ceder, já que o outro sempre nos mostra que cada um de nós é apenas um em meio a tantos outros...

Os pais podem –e deveriam– influenciar nos rumos da educação escolar. De nada adianta desejar apenas um bom futuro pessoal aos filhos e desconsiderar que eles viverão em sociedade e dependerão dela. Pais e mães, que tal vocês passarem a se preocupar com outras questões da escola que não apenas o conteúdo a ser ensinado, a colocação em rankings etc.?
Que tal apoiarem as escolas que revolucionaram seu ensino para valorizar o ensino da vida cidadã? Que tal repensarem a função social da escola?


ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?" (Publifolha). Matéria publicada na Folha de São Paulo, 28 de Junho de 2016.


1.A autora faz uma declaração que servirá de base para sua argumentação. Qual? *

2. Segundo Rosely Sayão, por que parece existir uma relação direta entre assédio moral e preconceito? O que seria assédio moral? *

3. Dois fatos de repercussão noticiados na mídia motivaram a produção do artigo de opinião. Oque havia em comum entre eles? *

4. As pessoas não tiveram o mesmo posicionamento frente a esses acontecimentos. O que, em sua opinião, leva as pessoas a terem posicionamentos diferentes diante do mesmo fato? *

5. Releia os parágrafos 4 e 5. Qual deveria ser, segundo a autora, a “forte razão” dos pais para levar os filhos à escola? Por que os argumentos anteriores já deveriam ter sido superados? *

6. Em sua opinião, quais são as questões importantes a serem trabalhadas na escola de modo geral? *

7. Considere o último parágrafo do artigo de opinião e responda:

a) Em que jornal foi publicado esse artigo? *

b) Com quem a autora do artigo de opinião conversa discretamente? *

c) Por que a autora considerou importante conversar discretamente com esse interlocutor? *

Sagot :

7.a) Folha de São Paulo

Explicação:

só sei essa desculpa

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