Leia o texto a seguir e responda às questões de 16
a 20.
Texto II
O enigma
Fui visitar meu amigo Sherlock Holmes na
segunda manhã após o Natal, com a intenção de
felicitá-lo pela data festiva. Encontrei-o recostado
na poltrona, o cachimbo do lado direito e, ao
alcance da mão, uma pilha de jornais amarrotados,
evidentemente recém-consultados.
Estávamos conversando quando a porta abriu-se
violentamente, e o comissário Peterson entrou
correndo, as faces coradas e o rosto demonstravam
que se achava atordoado com alguma surpresa.
— O ganso, Sr. Holmes, o ganso... ‒ exclamou
ofegante.
— O ganso, senhor!
— O que foi feito dele? Ressuscitou e voou pela
janela da cozinha? ‒ e Holmes virou-se no sofá para
ver melhor o rosto do homem assustado.
— Veja, senhor! Veja o que a minha mulher achou
no papo dele!
Estendeu a mão, mostrando na palma uma bela
pedra azul cintilante, mais ou menos do tamanho de
um grão de feijão, mas com um brilho que cintilava
como uma ponta elétrica na penumbra de sua mão
meio fechada.
Sherlock Holmes sentou-se, dando um assobio.
— Ora, Peterson! Mas isso é um tesouro muito
valioso! Suponho que sabe o que tem aí.
— Um diamante, Sr. Holmes! Uma pedra
preciosa. Ela corta o vidro como se fosse massa.
— É mais que uma pedra preciosa. É a pedra
preciosa.
— Não é o carbúnculo azul da condessa de
Morcar? ‒ perguntei.
— Sim, Watson, precisamente. Devo conhecer o
tamanho e a forma, visto que li as chamadas no The
Times todos esses últimos dias. É absolutamente
única, e seu valor pode ser apenas conjecturado. A
recompensa oferecida, de mil libras, não é sequer a
vigésima parte do valor da pedra.
— Mil libras! Minha nossa! ‒ O comissário caiu na
cadeira e olhou-nos estupefato.
— Foi perdida, se não me engano, no Hotel
Cosmopolitan – observei.
— Justamente. Em 22 de dezembro; portanto, há
cinco dias, John Horner, um encanador, foi acusado
de ter tirado uma pedra do porta-joias da condessa
de Morcar, e a evidência foi tão forte que o caso
será levado ao tribunal. Acho que guardei alguma
coisa aqui – procurou entre seus jornais, olhando as
datas; até que enfim tirou um deles, alisou-o,
dobrou-o um pouco e encontrou a tal notícia.
DOYLE, Arthur Conan. As aventuras de Sherlock Holmes. São Paulo: Martin
Claret, 2005. P. 149-154 (adaptado).
Glossário
atordoado: desorientado, perturbado.
cintilar: brilhar, sobressair.
penumbra: quase escuridão.
carbúnculo: pedra preciosa.
conjecturado: suposto, imaginado.
estupefato: perplexo, admirado.
The Times: jornal inglês de grande prestígio.
recostado: Encostar, deitar.
Levando em consideração o texto, marque a opção
em que aparecem características do gênero conto:
Presença de personagens e, como enredo, de
um crime a ser desvendado.
Ausência de fatos ocorridos em sequência.
Investigação de uma morte e a presença de
polícia.
Surgimento de elementos sobrenaturais e
monstros.
Utilização apenas do discurso indireto.
Releia o fragmento a seguir, retirado do texto.
“Estávamos conversando quando a porta abriu-se
violentamente, e o comissário Peterson entrou
correndo [...]”
O vocábulo destacado é um advérbio, isto é, uma
palavra que modifica, neste caso, um verbo,
indicando uma circunstância. O advérbio é uma das
classes gramaticais mais significativas em textos
narrativos, como nos contos. Considerando este
fragmento, MARQUE a opção em que o advérbio em
destaque indica a circunstância correta:
Intensidade.
Causa.
Modo.
Tempo.
Dúvida.