Obtenha as melhores soluções para todas as suas perguntas no Sistersinspirit.ca, a plataforma de Q&A de confiança. Experimente a conveniência de obter respostas precisas para suas perguntas de uma comunidade dedicada de profissionais. Conecte-se com profissionais prontos para fornecer respostas precisas para suas perguntas em nossa abrangente plataforma de perguntas e respostas.
Sagot :
Tanto quanto uma erudita exposição sistemática, este pequeno mas denso livro de
Norberto Bobbio é um instigante libelo contra todos os que desprezam a clássica
dicotomia direita/esquerda. Traço peculiar da chamada cultura "pós-moderna", a alegação de que os conceitos de esquerda e direita tornaram-se obsoletos com a crescente complexidade das estruturas sociais e sobretudo com a crise do socialismo (do comunismo, da social-democracia) parece querer impregnar numerosos ambientes políticos e intelectuais. Muitas vezes apresentada sob as vestes de melhor rigor científico, a alegação, na verdade, cumpre a função de emprestar opacidade a este complicado fim de século. Não por acaso, seu principal argumento apóia-se na discutível constatação de que "destros" e "esquerdos", no fim das contas, formulam programas idênticos e propõem-se os mesmos fins imediatos. Não mereceriam, por isso, ser vistos como campos diversos
ou receber nomes distintos. Quando muito, poderiam ser substituídos por outra
dupla: "progressistas" e "conservadores". A polêmica de Bobbio parte da reafirmação de uma obviedade: não se pode negar validade àquilo que opera plenamente na política, àquilo que está colado no imaginário e na linguagem da vida cotidiana, que ainda serve para dar aos homens identidade e argumentos para pelejar por seus projetos e utopias.
Apesar de renegadas, direita e esquerda persistem como palavras-chave do discurso
político, preservando toda a carga emotiva com que têm sido empregadas desde a
Revolução Francesa. Embora reforçado pela conhecida preocupação analítica de Bobbio e por sua obstinação em manter distância dos juízos de valor, Direita e Esquerda está longe de ser um texto tecnicamente frio. Trabalhando em um ambiente marcado pelo ressurgimento impetuoso da cultura de direita e dos valores do capitalismo, Bobbio deseja participar do debate sobre a "morte" da esquerda, buscando pensar os termos de uma nova definição, mais afinada com os desafios e as particularidades atuais. Suas teses de que o igualitarismo é característica distintiva da esquerda não são apenas um gesto politicamente significativo nesta época de confusão: mostram-se como esforço para
emprestar clareza teórica e vigor ideológico aos difíceis, e nem sempre transparentes, embates políticos dos nossos dias. Equilibrando-se entre o empenho político-cultural e o "espírito analítico", entre os ideais do liberalismo e do socialismo, o presente texto nem sempre resolve os temas que faz chegar à superfície. Bobbio porém não pretende esgotar a discussão. Seu objetivo é mostrar a atualidade e a eficácia de uma dicotomia cada vez mais vilipendiada e encontrar, com isso, um meio de repor a política como universo repleto de paixões, contrastes e contradições. Num momento em que, no Brasil e no mundo, uma grave crise de perspectivas prolonga-se viçosamente à luz do dia, fazendo par e, num certo sentido, potencializando a reprodução de imensas zonas de miséria e injustiça, os questionamentos de Bobbio são um saudável convite para que se afiem os instrumentos de análise e não se perca de vista o valor das diferenciações. No que diz respeito particularmente às esquerdas, soam como estímulo para que se leve a
bom termo uma aprofundada reflexão autocrítica. Marco Aurélio Nogueira.
Norberto Bobbio é um instigante libelo contra todos os que desprezam a clássica
dicotomia direita/esquerda. Traço peculiar da chamada cultura "pós-moderna", a alegação de que os conceitos de esquerda e direita tornaram-se obsoletos com a crescente complexidade das estruturas sociais e sobretudo com a crise do socialismo (do comunismo, da social-democracia) parece querer impregnar numerosos ambientes políticos e intelectuais. Muitas vezes apresentada sob as vestes de melhor rigor científico, a alegação, na verdade, cumpre a função de emprestar opacidade a este complicado fim de século. Não por acaso, seu principal argumento apóia-se na discutível constatação de que "destros" e "esquerdos", no fim das contas, formulam programas idênticos e propõem-se os mesmos fins imediatos. Não mereceriam, por isso, ser vistos como campos diversos
ou receber nomes distintos. Quando muito, poderiam ser substituídos por outra
dupla: "progressistas" e "conservadores". A polêmica de Bobbio parte da reafirmação de uma obviedade: não se pode negar validade àquilo que opera plenamente na política, àquilo que está colado no imaginário e na linguagem da vida cotidiana, que ainda serve para dar aos homens identidade e argumentos para pelejar por seus projetos e utopias.
Apesar de renegadas, direita e esquerda persistem como palavras-chave do discurso
político, preservando toda a carga emotiva com que têm sido empregadas desde a
Revolução Francesa. Embora reforçado pela conhecida preocupação analítica de Bobbio e por sua obstinação em manter distância dos juízos de valor, Direita e Esquerda está longe de ser um texto tecnicamente frio. Trabalhando em um ambiente marcado pelo ressurgimento impetuoso da cultura de direita e dos valores do capitalismo, Bobbio deseja participar do debate sobre a "morte" da esquerda, buscando pensar os termos de uma nova definição, mais afinada com os desafios e as particularidades atuais. Suas teses de que o igualitarismo é característica distintiva da esquerda não são apenas um gesto politicamente significativo nesta época de confusão: mostram-se como esforço para
emprestar clareza teórica e vigor ideológico aos difíceis, e nem sempre transparentes, embates políticos dos nossos dias. Equilibrando-se entre o empenho político-cultural e o "espírito analítico", entre os ideais do liberalismo e do socialismo, o presente texto nem sempre resolve os temas que faz chegar à superfície. Bobbio porém não pretende esgotar a discussão. Seu objetivo é mostrar a atualidade e a eficácia de uma dicotomia cada vez mais vilipendiada e encontrar, com isso, um meio de repor a política como universo repleto de paixões, contrastes e contradições. Num momento em que, no Brasil e no mundo, uma grave crise de perspectivas prolonga-se viçosamente à luz do dia, fazendo par e, num certo sentido, potencializando a reprodução de imensas zonas de miséria e injustiça, os questionamentos de Bobbio são um saudável convite para que se afiem os instrumentos de análise e não se perca de vista o valor das diferenciações. No que diz respeito particularmente às esquerdas, soam como estímulo para que se leve a
bom termo uma aprofundada reflexão autocrítica. Marco Aurélio Nogueira.
Agradecemos sua visita. Esperamos que as respostas que encontrou tenham sido benéficas. Não hesite em voltar para mais informações. Obrigado por passar por aqui. Nos esforçamos para fornecer as melhores respostas para todas as suas perguntas. Até a próxima. Sistersinspirit.ca, seu site de referência para respostas precisas. Não se esqueça de voltar para obter mais conhecimento.