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Sagot :
Olá, Michael.
Vou transcrever aqui a letra da célebre música de Chico Buarque, "Mulheres de Atenas", e procurarei pinçar alguns paralelos com a realidade da Atenas da época das Guerras Médicas e do Peloponeso.
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Vivem pros seus maridos, orgulho e raça de Atenas
Quando amadas, se perfumam
Se banham com leite, se arrumam
Suas melenas
Quando fustigadas não choram
Se ajoelham, pedem, imploram
Mais duras penas
Cadenas
Esta primeira estrofe demonstra a total submissão, àquela época, das mulheres atenienses aos seus maridos. Os homens atenienses, àquela época, eram os senhores da política e dos núcleos familiares. Cuidavam da política e das guerras e as mulheres cuidavam dos lares, sempre submissas às vontades dos homens atenienses.
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Sofrem pros seus maridos, poder e força de Atenas
Quandos eles embarcam, soldados
Elas tecem longos bordados
Mil quarentenas
E quando eles voltam sedentos
Querem arrancar violentos
Carícias plenas
Obscenas
Aqui nesta estrofe novamente é destacada a submissão das mulheres atenienses a seus maridos. As Guerras Médicas e do Peloponeso são sugeridas nos versos "... poder e força de Atenas Quandos eles embarcam, soldados". A limitação da mulher ateniense aos serviços domésticos fica expressa em "... longos bordados..." e "... mil quarentenas ...".
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Despem-se pros maridos, bravos guerreiros de Atenas
Quando eles se entopem de vinho
Costumam buscar o carinho
De outras falenas
Mas no fim da noite, aos pedaços
Quase sempre voltam pros braços
De suas pequenas
Helenas
Nesta estrofe as Guerras são mais uma vez sugeridas nas palavras "bravos guerreiros de Atenas". O restante dos versos expressa mais uma vez a total submissão da mulher ateniense às vontades dos maridos.
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Geram pros seus maridos os novos filhos de Atenas
Elas não têm gosto ou vontade
Nem defeito nem qualidade
Têm medo apenas
Não têm sonhos, só têm presságios
O seu homem, mares, naufrágios
Lindas sirenas
Morenas
Nesta estrofe as Guerras são mais uma vez sugeridas nas palavras "... mares, naufrágios... sirenas". Sirenas é o mesmo que sirenes. O restante dos versos expressa mais uma vez a total submissão da mulher ateniense às vontades dos maridos.
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Temem por seus maridos, heróis e amantes de Atenas
As jovens viúvas marcadas
E as gestantes abandonadas
Não fazem cenas
Vestem-se de negro, se encolhem
Se conformam e se recolhem
Às suas novenas
Serenas
Nesta estrofe as mortes decorrentes das Guerras são sugeridas nos versos:
"As jovens viúvas marcadas
E as gestantes abandonadas
Não fazem cenas
Vestem-se de negro, se encolhem".
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Secam por seus maridos, orgulho e raça de Atenas
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