Para compreender que polos opostos podem conviver na moral é necessário compreender a moral como um fenômeno complexo, em que partes diferentes colaboram para a criação de um único fenômeno.
Um exemplo ilustrativo: em um exército convivem a música - no ritmo dos soldados e nas trombetas militares - e a violência - nas armas e intenções dos soldados -, e estes dois fenômenos diferentes colaboram para que o exército, enquanto fenômeno, exista.
Do mesmo modo, na moral existe, por um lado, o dever - ou seja, a necessidade de obedecer certos preceitos gerais, que atendem a necessidade comum - e a liberdade do agente, que é livre para tomar esta decisão e não aquela.
Sem o dever, não há moralidade, pois o interesse comum não seria respeitado, mas sem a liberdade também não, posto que quem age por coerção - como quem doa dinheiro aos pobres pois é ameaçado com violência por alguém - não age por moralidade, só sendo moral quem age livremente.
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