Elabore um RESUMO do texto "Fake News" levando em consideração as seguintes orientações: - O resumo é um novo texto elaborado a partir do original fornecido, e não uma mera montagem de recortes (cópia) do texto-base. - No resumo deve-se fazer referência, ou seja, menção ao texto original bem como ao seu autor (no caso: o entrevistado). - O resumo deve oportunizar ao leitor o contato, basicamente, com as ideias centrais do texto-base. - O resumo deve se ater fielmente ao texto-base, sem acréscimos de ideias, opiniões ou posicionamentos pessoais ou de terceiros. - O resumo deve ser construído com adequada estruturação textual, estabelecendo as devidas conexões (relações) entre as partes.
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FAKE NEWS. [Trechos de uma entrevista com Eugênio Bucci ao jornal O Povo, publicada em janeiro de 2018. O entrevistado é jornalista e escritor, que escreve sobre a ética na comunicação; doutor em Ciências da Comunicação e professor titular na Escola de Comunicações e Artes da USP; foi diretor-presidente da Radiobrás – Empresa Brasileira de Comunicação.] O POVO – A que o Sr. atribui essa avalanche de notícias falsas que circula na internet, as chamadas fake news? EUGÊNIO BUCCI – A primeira coisa é separar melhor a ideia por trás desse conceito de fake news. A fake news não é apenas uma notícia falsa, pois notícias falsas aparecem também na imprensa convencional, desde que ela existe. Há erros de informação, imprecisões, distorções de enfoque que, muitas vezes, não correspondem aos fatos e que são publicadas como notícias normais na imprensa convencional. Nós estamos diante de um fenômeno diferente, que poderia ser traduzido em português, com mais precisão, como sugere o professor Carlos Eduardo Lins da Silva, como notícia fraudulenta. Vou insistir, não se resume à publicação de informações incorretas ou informações não factuais. Nós estamos diante de uma usina de produção de notícias fraudulentas, que são forjadas com aparência de ser jornalística confiável, mas não são, com o propósito de fraudar os processos decisórios das democracias. Isso quer dizer que a expressão fake news designa uma notícia fabricada com má intenção, que se vale do aspecto de uma notícia jornalística com o propósito de enganar o público. É muito diferente, portanto, de um erro jornalístico, coisas que acontecem todo dia. Uma boa redação jornalística quando comete um erro, ela procura se corrigir. As notícias fraudulentas vêm não se sabe exatamente de onde; são produzidas de forma quase clandestina, ilegal. São coisas completamente diferentes. As tecnologias da era digital favorecem a disseminação de notícias fraudulentas, mas há causas que não se resumem à tecnologia. A causa principal tem a ver com a conformação, na nossa sociedade, do que vem sendo chamado de "bolhas", bolsões de públicos unidos entre si, coesionados por uma vertente muito forte de preconceito e, às vezes, do discurso de ódio, que não reconhecem o valor do diálogo, da troca de argumentos e do debate público e que se dispõem a instrumentalizar ou a manipular a formação da opinião pública. Uma notícia fraudulenta é fabricada por alguma central ou algum grupo ou mesmo uma pessoa que não age publicamente, portanto, não age de boa-fé. Mas ela se propaga pela ação das pessoas comuns em distribuir esse tipo de conteúdo. Por que as pessoas fazem isso? Essa é a pergunta crucial. E a resposta a essa pergunta passa por grupos que movidos por um ódio muito grande, pela pressa, pelo preconceito, pela vontade de ver confirmada uma convicção pessoal, por exemplo, o repúdio que têm por determinadas pessoas, se veem autorizadas a passar aquilo para frente, como se elas dissessem assim: "Eu sabia que esse sujeito não prestava". Então, movidas por ódio e sem nenhum compromisso com a verificação dos fatos, as pessoas distribuem as notícias fraudulentas achando – e isso é perturbador – que estão protegendo o país de agentes corrosivos ou deletérios. A causa (da disseminação das notícias fraudadas) tem a ver, portanto, com as tecnologias, que criam facilidades de distribuição, associadas à intolerância das pessoas