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Por favor, preciso de um poema sobre ipatinga

Sagot :

Resposta:

IPATINGA, VALE DO AÇO

A mata é silêncio pesado

O último grito,

Longo, infinito, estrangulou devagar a tarde

Na boca das cigarras!...

Dorme o velho carvoeiro o seu cansaço

na quietude do sol poente.

No semblante rude, quase perdidas

Dançam lembranças fugidias...

A casa pobre, as esperanças,

O agreste, o Rio Doce, a mata, carvoeiros

Cantando lá dentro da mata:

“adeus Ipatinga, adeus carvoeiro,

Adeus gente do lugar

Vou partir mas vou chorando

Com vontade de voltar”

E o trem da Vitória Minas? Ah! Chegou

Rompendo com mil lanças

O seio da terra adolescente.

Depois... a primeira missa

Na Estação Ferroviária!

Gente humilde, gente séria

Espiando desconfiada

Escrevendo o amanhã.

E o velho carvoeiro

Começa a agitar-se!

Da mata vem sutil

A fumaça das carvoeiras

Desenhando no céu azul – tão engraçadas,

As figuras de duendes e sacis.

Sonoras gargalhadas ao léu, lá vão eles

Pelos campos, pela mata, na imensidão,

Lá vão travessos e inquietos

Bulindo com os bandeirantes

Na marcha das botas pesadas

Marcando roteiros pra o oeste.

Adiante... calados, molemolentes

Sizudos, indiferentes, o Piracicaba

E o Doce de águas dormentes

Se unem sem ruído e sem festa

Lambendo da mata, a galhada

Num abraço fraternal!

Outros tempos vieram!

Fugiram as onças medrosas

da mata que espia calada

Do outro lado do rio,

A epopéia dos gigantes

Que vieram de repente

Espalhar o casario.

E monstros de aço terríveis

Morderam a terra,

comeram montes

engoliam tudo

e abriram vales

ergueram torres

no seio da terra!

Depois...surgiram chaminés

Dedos gigantescos, enormes

A pregar no infinito

Nuvens lindas, rubras

cinzentas,

amarelas de odor estranho

outras brancas...branquinhas

noite e dia, dia e noite

sem cessar.

Num boqueirão enorme

A pedra bruta se faz de ouro

Pra enriquecer o Brasil

E corre...corre..escorre

Rubra, infernal

Dia e noite, noite e dia

Sem cessar!...

E a gente toda da terra

Gente de todas as raças

Vem espiar a façanha

Vem temperar sua mente

Vem oferecer o seu braço

Sua alma e coração

Unindo tudo num estreito laço.

Á noite, um hálito cheiroso

Trescalando a eucalipto

E essências perfumadas

Vindas do lado do rio

Embalam o sono da gente.

No bojo enorme da encosta

Ardente e rútila chama

Lança clarões pela mata

E borda desenhos no chão.

E as crianças pequeninas

Espiando encantadas,

O clarão no bojo enorme

deitando o fogo na noite

despertam a inocente fantasia:

Olha lá...velhas bruxas estão chegando

Na chama crepitante

Do gaz incendiado

vão buscar o fogo da Usina

Pra aquecer suas moradas!

Maria de Lourdes Bittencourt de Vasconcellos

Explicação:

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