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Considerando o fragmento acima, entendemos que o corpo é socialmente construído. Não há sociedade que não modifique, de alguma forma, o corpo, cada uma produzindo determinado tipo de corpo, que servirá como insígnia da identidade grupal daquela comunidade e naquele período e tempo da história da humanidade. Nesse sentido, compreendendo a importância de estudarmos a história do corpo, como um dos conhecimentos essenciais para a formação dos profissionais da área da Educação Física, para a Atividade de Estudo I da disciplina de História da Educação Física, você precisará, para além da leitura da Unidade II de nosso material didático, fazer a leitura atenta do artigo intitulado “Um olhar sobre o corpo: o corpo ontem e hoje”, das autoras portuguesas Maria Raquel Barbosa, Paula Mena Matos e Maria Emília Costa (disponível em: https://www.scielo.br/pdf/psoc/v23n1/a04v23n1.pdf).
Ao fazer a leitura do artigo, você encontrará diversas características mencionadas sobre o corpo nos diferentes períodos da humanidade, em especial na Idade Antiga, na Idade Média, na Idade Moderna e na Idade Contemporânea.
Após ler e identificar os elementos que são destinados ao corpo em cada época da história, descreva quais são as principais características encontradas no conceito de corpo durante os períodos analisados e, principalmente, entendo o conceito de corpo que se apresenta hoje, descreva a relação que se estabelece entre o corpo e o mundo do trabalho do profissional de Educação Física.

Sagot :

Resposta:

Na idade antiga o corpo era visto como elemento de glorificação e de interesse do Estado, assim, a imagem idealizada corresponderia ao conceito de cidadão, que deveria tentar realizá-la, modelando e produzindo o seu corpo a partir de exercícios e meditações. Os corpos eram trabalhados e construídos, como objectos de admiração que começavam a ser “esculpidos” e modelados nos ginásios, fundamentais nas polis gregas, e que acabavam por ser mostrados, muitas vezes, nos Jogos Olímpicos. A saúde, a expressão e exibição de um corpo nu estavam associadas, os Gregos apreciavam a beleza de um corpo saudável e bem proporcionado. O grego desconhecia o pudor físico, o corpo era uma prova da criatividade dos deuses, era para ser exibido, adestrado, treinado, perfumado e referenciado, pronto a arrancar olhares de admiração e inveja dos demais mortais. Além disso na época era preciso ter um corpo forte para combates.

Na idade média o cristianismo dominou, deixando o homem menos criativo e exposto com seu corpo, nessa época a alma era considerada mais importante, a preocupação com o corpo era proibida. O corpo, ao estar relacionado com o terreno, o material, seria a prisão da alma. Torna-se culpado, perverso, necessitado de ser dominado e purificado através da punição. Para o cristianismo, o corpo sempre teve uma característica de fé; é o corpo crucificado, glorificado e que é comungado por todos os cristãos

Na idade moderna o corpo, agora sob um olhar “científico”, serviu de objecto de estudos e experiências. Todas as atividades físicas eram prescritas por um sistema de regras rígidas, visando a saúde corporal. A obtenção do corpo sadio dominava o indivíduo: a prática física domava a vontade, contribuindo para tornar o praticante subserviente ao Estado. O ser humano é colocado ao serviço da economia e da produção, gerando um corpo produtor que, portanto, precisa de ter saúde para melhor produzir e precisa de adaptar-se aos padrões de beleza para melhor consumir. A padronização dos conceitos de beleza, ancorada pela necessidade de consumo, foi responsável por uma diminuição significativa na quantidade e na qualidade das vivências corporais do homem contemporâneo.

Nos nossos dias, as pessoas buscam se encaixar no padrão estético e isso parece desencadear uma imagem em crise, demonstrando-se através de uma série de sintomas como o aumento das próteses, a criação do cyborg (o ciber-corpo), a clonagem, as intervenções da engenharia genética, a biologia molecular ou as novas técnicas cirúrgicas ou ainda o uso de substâncias químicas. e quando isso não acontece vemos muitas vezes pessoas deprimidas por não conseguir alcançar os padrões de beleza dos dias atuais.

O profissional de Educação Física deve oferecer um trabalho que busque sim melhorar a estética corporal, mas antes ainda deve buscar melhorar a qualidade de vida o indivíduo.  

Explicação:

Resposta:

A idealização do corpo: a Grécia antiga

A imagem do corpo grego, ainda hoje atraente e considerada uma referência, é bastante revelador da existência e dos ideais estéticos veiculados na altura. O corpo nu é objecto de admiração, a expressão

e a exibição de um corpo nu representava a sua saúde e os Gregos preciavam a beleza de um corpo saudável e bem proporcionado. O corpo era valorizado pela sua saúde, capacidade atlética e fertilidade.

Um corpo em silêncio, proibido: o cristianismo Com o cristianismo assiste-se a uma nova percepção de corpo. O corpo passa da expressão da beleza para fonte de pecado, passa a ser “proibido”. O cristianismo e

a teologia por muito tempo foram reticentes na interpretação, crítica e transformação das imagens veiculadas do

corpo. Uma das razões será porque o cristianismo possui uma história própria e de difícil relação com o corpo.

Idade Média

Na Idade Média o corpo serviu, mais uma vez,

como instrumento de consolidação das relações sociais.

A característica essencialmente agrária da sociedade

feudal justificava o poder da presença corporal sobre a

vida quotidiana; características físicas como a altura, a

cor da pele e peso corporal, associadas ao vínculo que

o indivíduo mantinha com a terra, eram determinantes

na distribuição das funções sociais.

O homem medieval era extremamente contido,

a presença da instituição religiosa restringia qualquer

manifestação mais criativa. O cristianismo dominou

durante a Idade Média, influenciando, portanto, as noções e vivências de corpo da época.

É também na Idade Média que aparece a nova

figura literária do cavaleiro andante, do amor cortês,

reflectindo, deste modo, uma visão muito diferente do

corpo e das suas relações. Embora a medicina e a erótica

cortês concordassem com a definição de dualismo sobre

o qual se construía toda a representação do mundo,

discordam, no entanto, quanto ao seu tratamento (Tucherman, 2004). Assim, não se duvidava que a pessoa

fosse formada por um corpo e por uma alma, portanto

partilhada entre a carne e o espírito.

O novo corpo: a Era Moderna

No Renascimento, as acções humanas passaram a

ser guiadas pelo método científico, começa a haver uma

maior preocupação com a liberdade do ser humano e a

concepção de corpo é consequência disso. O avanço

científico e técnico produziram, nos indivíduos do período moderno, um apreço sobre o uso da razão científica

como única forma de conhecimento (Pelegrini, 2006). O

corpo, agora sob um olhar “científico”, serviu de objecto

de estudos e experiências.

A disciplina e controle corporais eram preceitos

básicos. Todas as actividades físicas eram prescritas

por um sistema de regras rígidas, visando a saúde corporal. Agora, com o declínio final dos sacerdotes que

condenavam a vida na terra, vemos a sua redenção. Um

neopaganismo ressurge e a carne intensa, activa, ainda

carregando cicatrizes do estigma, volta a ser soberana,

quer mostrar-se.

A crise do corpo: os nossos dias

Como refere Agostinho Ribeiro, “O corpo pósmoderno passou do mundo dos objectos para a esfera

do sujeito, assumido e cultivado como um ‘eu-carne’,

credor de reconhecimento e de glorificação, e mesmo

objecto-sujeito de culto.” (Ribeiro, 2003, p.7). De facto,

cada vez mais pessoas investem no seu corpo, com o

intuito de obter dele mais prazer sensual e de lhe aumentar o poder de estimulação social, assistindo-se a

um mercado crescente de produtos, serviços.

A necessidade humana, nos nossos dias, de se

encaixar neste padrão estético, parece desencadear uma

imagem em crise, demonstrando-se através de uma série

de sintomas como o aumento das próteses, a criação do

cyborg (o ciber-corpo), a clonagem, as intervenções da

engenharia genética, a biologia molecular ou as novas

técnicas cirúrgicas ou ainda o uso de substâncias químicas. Assim, as indústrias da beleza e da saúde têm no

corpo o seu maior consumidor

As transformações que marcam a passagem da

modernidade para a pós-modernidade trazem a tendência da separação entre o saber e o poder, que na

modernidade estavam interligados (Foucault, 1994). O

objectivo agora é a autonomia nos mais variados campos e diferentes graus – estético, social, político (Rosário, 2006). Desta forma, os indivíduos deixam de ser

regidos por padrões a serem seguidos, assumindo cada

um as suas escolhas e identidades

Uma outra característica desta época é assistirmos

a um corpo construído numa espécie de simulação, uma

aparência sem realidade. De facto, a roupa, os adereços,

a maquilhagem, associados a técnicas como a cirurgia

plástica, a lipoaspiração, os tratamentos de beleza,

mesmo fazendo parte de um processo de produção,

voltam-se para o imaginário, ajudam homens e mulheres

a mascararem o próprio corpo, escondendo detalhes e

ressaltando outros (Rosário, 2006)5