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A arte indigena no brasil é mais representativa das tradições da comunidade

Sagot :

Resposta:

Em qualquer livro de história da arte brasileira, encontraremos um capítulo dedicado à “arte indígena”.

Mas a consideração de certos objetos produzidos por culturas que não possuem o conceito de “arte” da mesma

forma como nós o entendemos, como “arte”, apresenta variados problemas. Para nós, “arte” (no sentido mais

tradicional) é uma atividade ligada à produção de um certo tipo de objetos que têm como principal função a de

serem contemplados; esta contemplação ocorre, preferencialmente, em locais separados e específicos,

distantes das interferências do mundo cotidiano. O museu e a galeria são ambientes limpos, silenciosos, onde

as obras de arte podem ser apreciadas da forma que se considera a mais adequada à sua função maior, que é a

contemplação estética.

Quando falamos de “arte indígena”, porém – ou de “artes indígenas”, termo mais adequado por atentar

para a imensa variedade de estilos e manifestações que cabem na definição −, as coisas são completamente

outras. Isso porque, se a considerarmos em relação ao seu “habitat” natural, os objetos das assim chamadas

“artes indígenas” não “funcionam” da mesma forma que a arte com que estamos hoje acostumados, ou seja, a

arte ocidental, que nasce a partir da experiência européia.

Não se pode negar, porém, que a contemplação de variados produtos e artefatos indígenas (sem falar da

pintura corporal, da dança, da música etc.) revela evidentes qualidades formais de beleza, equilíbrio e

elaboração formal que são típicas daquilo que chamamos “arte” – especialmente para a sensibilidade moderna,

mais inclinada a reconhecer a artisticidade da produção das sociedades ditas “primitivas”. Por outro lado,

reconhecer algo como “arte” também possui um sentido de qualificação positiva, de atribuição de importância,

de forma que muitas vezes a compreensão da arte das sociedades “primitivas” tem algo de um mea culpa da

cultura ocidental, condescendente e paternalista com relação a culturas que sofrem um processo de dissolução

frente ao domínio econômico e cultural do “homem branco”.

(...)A consideração das artes indígenas traz à tona, portanto, uma problemática relacionada à forma como

entendemos e operamos com o conceito de arte. Para vários antropólogos, o grande diferencial é o fato de que,

entre os povos indígenas inexiste uma esfera específica de objetos que possuem uma função exclusivamente

estética, ou seja, existem apenas para serem contemplados (cf. MELATTI, 1993, p. 163). O “objeto estético”,

ou seja, o objeto cuja única função é, supostamente, servir à contemplação, é uma invenção ocidental que veio

se formando a partir do Renascimento e se constitui positivamente no século XVIII (DIAS in AGUILAR, 2000, p.

40): neste processo, a arte veio deixando, progressivamente, de assumir outros papéis que não o de

proporcionar a contemplação estética, tornando-se arte autônoma. Nas sociedades indígenas não existe uma

arte “autônoma”, que só serve para ser contemplada.

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