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atividade desenvolvida pela humanidades onde ocorreu mudanças constante​

Sagot :

Resposta:

Estudos sobre a história da educação europeia destacam que, a partir do século XVI, as Humanidades foram entendidas por intelectuais e educadores como uma formação originária dos antigos romanos e gregos que visava “oferecer uma preparacão do indivíduo para ser homem em toda a plenitude do seu sentido” (Chervel; Compère, 1999, p.150). A essa concepcão inicial, os educadores cristãos introduziram um outro conceito às Humanidades situando-a como base para uma formação centrada nos estudos das Escrituras cristãs, dando outro sentido às concepções de ser homem em “sua plenitude”. No decorrer dos séculos XVIII e XIX, novos estudos dos textos “antigos” foram sendo incorporados e deu origem ao currículo das Humanidades clássicas que integraram, no processo de modernização da educação secundária, novas concepções do mundo e de homem por intermédio dos estudos científicos e que têm sido denominadas Humanidades modernas ou Humanidades científicas (Chervel; Compère, 1999).

Sob tais currículos o ensino de História ocupou determinados espaços e articulou-se aos dois tipos de formação humanística: uma que integra o indivíduo a uma elite, a uma cultura destinada aos filhos dos grupos dirigentes ou de classes mais ricas, e outra fundada sobre a natureza ou sobre as “coisas do universo” que permite a todos se situar no mundo e possibilita multiplicar suas marcas e nele inscrever suas ações e, portanto, destinada aos filhos de todas as classes sociais, ou seja, em princípio, à totalidade da juventude.

A historiografia sobre o ensino de História tem apresentado sua origem como disciplina escolar ao compor o currículo das Humanidades clássicas do século XIX (Bruter, 1997; Gasparello, 2004; Bittencourt, 1993). No entanto, sem discordar quanto à constituição da disciplina História entre final do século XIX e início do XX, é possível constatar que conteúdos históricos fizeram parte dos estudos das Humanidades clássicas em escolas dos jesuítas dos séculos XVI ao XVIII, mas sob diferentes objetivos e formas. Annie Bruter (1997) mostra as especificidades do uso de textos “clássicos” dos antigos autores, de Cícero ou Quintiliano, cujo objetivo era determinar uma formação moral religiosa, assim como tais autores serviam como modelo para a aprendizagem das linguas antigas e, sobretudo, formar um “bom orador” capaz de fazer uma preleção “erudita” em esferas políticas ou em sermão nas igrejas. Nessa perspectiva, os autores pagãos foram “cristianizados” e integrados aos métodos de leitura e seleção de excertos publicados em livros especialmente organizados para os alunos. Os mestres eram sempre clérigos e por essa condição social, “as Humanidades clássicas sempre provocaram contradições de toda ordem entre os dogmas, a moral, os usos e os modelos do cristianismo e do paganismo” (Chervel; Compère, 1999, p.153).

Nos colégios dos jesuítas instalados na colonia americana dos portugueses houve, igualmente, a difusão de uma história por intermédio de antigos textos “clássicos” e de maneira semelhante ao que ocorria em escolas europeias. João Hansen (2007) destaca que a utilização de autores da Antiguidade pelos jesuítas nas regiões colonizadas da América serviu, mais fortemente do que na Europa, como meio de seleção social das elites do que efetivamente como fundamento para o estudo de uma cultura letrada. Nesse sentido, as práticas escolares tinham como objetivo formar oradores para pregarem sermões para “colonos iletrados” e os excertos dos autores antigos eram cuidadosamente selecionados para atender a essa finalidade. De acordo com José Maria Paiva (2007), muitos dos textos de autores “clássicos” usados nos colégios serviam para uma adesão à cultura portuguesa, mas eram adaptados para difundir uma moral específica adequada às condições da colônia que destacava, dentre outros aspectos, as diferenças entre os “humanos” de forma a justificar as práticas de guerras de extermínio de indígenas, da escravização de africanos e da controversa “escravização de índios”. Os excertos de autores gregos e romanos eram, portanto, cuidadosamente selecionados e deviam ser adequados ao convivio em sociedades guerreiras, além de haver, nos escritos dos antigos, justificativas para a escravização.

Explicação: