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Sagot :
Resposta:
O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão
O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras
- porque o poema, senhores,
está fechado:
“não há vagas”
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço
O poema, senhores,
não fede
nem cheira
Resposta:
Não há vagas
O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão
O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras
- porque o poema, senhores,
está fechado:
“não há vagas”
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço
O poema, senhores,
não fede
nem cheira
Explicação:
Um dos mais importantes nomes da moderna literatura brasileira, Ferreira Gullar, pseudônimo de José Ribamar Ferreira, iniciou sua extensa produção literária no ano de 1940 em São Luís, Maranhão. O poeta, crítico de arte, tradutor e ensaísta mudou-se para o Rio de Janeiro em 1951, onde, além de ter participado da criação do movimento neoconcreto, colaborou com diversos jornais e revistas da época.
A poesia de Ferreira Gullar destaca-se pelo engajamento político. O poeta fez de sua obra um instrumento de denúncia social e, ainda que posteriormente tenha reconsiderado antigos posicionamentos, deixou para a literatura uma inestimável contribuição por meio de seus poemas participantes da realidade do povo brasileiro, que tão bem traduzem os anseios do homem frente à sua condição. Essa produção poética engajada ganhou força a partir dos anos de 1960, quando o poeta rompeu com a poesia de vanguarda, aderindo ao Centro Popular de Cultura (CPC), grupo de intelectuais de esquerda criado em 1961, no Rio de Janeiro, cujo objetivo era defender o caráter coletivo e didático da obra de arte, bem como o engajamento político do artista.
Permeada por tensões psíquicas e ideológicas, a poesia de Ferreira Gullar reflete as tensões vividas pelo poeta, perseguido pela Ditadura Militar e exilado na Argentina durante os “anos de chumbo”. O reconhecimento de sua obra veio tardiamente, na década de 1990, quando o escritor foi agraciado com os mais importantes prêmios literários de nosso país. Em 2014, aos 84 anos de idade, Ferreira Gullar finalmente integrou o grupo de escritores imortais da Academia Brasileira de Letras, ocupando a Cadeira 37, que pertencera ao escritor Ivan Junqueira, morto nesse mesmo ano.
Para que você conheça um pouco mais a obra desse escritor indispensável para o entendimento da moderna literatura brasileira, o Brasil Escola selecionou cinco poemas de Ferreira Gullar para que você adentre a poética desse que está entre os mais engajados poetas de nossas letras. Boa leitura!
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