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Sagot :
Explicação:
A Terra dos Meninos Pelados
Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 08.12.2021
Graciliano Ramos
1937
A Terra dos Meninos Pelados é o primeiro livro infantil de Graciliano Ramos (1892 -1953). Nele, o autor trata de questões delicadas da infância, como a discriminação, revelando preocupações com a equidade social e a liberdade. Expõe, por meio da fantasia, temas cruciais para a época de seu lançamento.
A narrativa mostra inovação desde o seu princípio, quando apresenta Raimundo: um protagonista descrito como um menino diferente – tem o olho direito preto, o esquerdo azul e a cabeça pelada – que é chacoteado pelas outras crianças. Ou seja, o autor principia o texto mostrando uma personagem que não pertence a um grupo social dominante e que sofre da exclusão sobre a qual é vítima.
Para aproximar o leitor do texto, Graciliano constrói a narrativa utilizando linguagem coloquial, como podemos ver no trecho em que os garotos zombam de Raimundo: “Como botaram os olhos de duas criaturas numa cara?”
Ao trabalhar o universo imaginário, o autor cria personagens antropomorfizadas. Em Tatipirun – a terra onde todos têm os olhos de duas cores e a cabeça pelada – os carros falam, riem, piscam e voam (“Mas o automóvel piscou o olho preto e animou-o com um riso grosso de buzina: - Deixa de besteira, Raimundo. Em Taipirun, nós não atropelamos ninguém”.), a “laranjeira que estava no meio da estrada afastou-se para deixar a passagem livre” e depois conversou com o menino. Além destes exemplos, pode-se citar ainda: o troco, a aranha (representante da indústria têxtil), a cigarra (que representa os artistas), a rã, as cobras corais e o vaga-lume – todos eles falantes.
Ainda para compor este mundo de fantasia, Graciliano Ramos trabalha a linguagem fazendo uso de neologismos. Nomes como o do lugar onde todos são iguais ao protagonista (Tatipirun), o sítio de onde veio a personagem principal (Cambacará) a serra que Raimundo atravessa para chegar à terra dos meninos pelados (serra de Taquaritu), os personagens humanos (Caralâmpia, Pirenco, Talima, Sira, Pirundo) e palavras que aparecem ao longo do texto - como “princesência” -, foram criadas para reforçar a magia e a perfeição vividas na terra de Tatipirun. Além deste recurso, o autor emprega ainda um estrangeirismo dito pela rã (“Parece até um meeting, disse a rã que pulou na beira do rio”.) e abusa das metáforas, como pode-se constatar no trecho a seguir: “ – E boa, interrompeu um menino sardento. Meio desparafusada, mas um coraçãozinho de açúcar. Aquela é Sira”, criando uma sensação de que tudo o que acontece no principado é real, pois cada ser tem sentimentos, nomes e pensamentos próprios.
O autor sabia da importância fundamental que a fantasia tem na vida das crianças. Ao criar a terra dos meninos pelados, Graciliano cria um local democrático, totalmente inversa a Cambacará – lugar de origem do Raimundo – onde há injustiças. Ao mesmo tempo, Tatipirun dá a força necessária ao pequeno menino pelado retornar ao seu lar se aceitando como ele é e não como os outros querem que ele seja. Por meio deste universo mágico os pequenos leitores podem ter como exemplo a personagem principal para enfrentar problemas do dia-a-dia (como o preconceito por ser gordinho, por usar óculos, por ser muito mais alto ou muito mais baixo que as outras crianças na escola.
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