Candeeiro familiar
Nas noites de minha meninice
existe um grande candeeiro amigo,
que sobre a vasta mesa de jantar
ilumina o meu serão antigo.
As doces sombras dos meus se projetavam
na parede branquinha do salão.
O primeiro cinema que eu conheci
foram essas sombras de carvão.
À procura do velho candeeiro
vinham asas da mata se queimar;
vinham de longe insetos viageiros,
borboletas de forma singular.
O candeeiro era a lanterna mágica,
que me fazia na parede branca
o homem grande que eu queria ser
e de que sou uma sombra, apenas uma sombra.
A ventania às vezes surpreendia
as janelas abertas do meu lar,
e então as doces sombras se moviam,
trêmulas, trêmulas a bailar.
Quem é lá? perguntavam.
- É a ventania que lá forte está.
E com o vento, como que entravam,
e se espalhavam pelos vãos da sala,
a mãe-preta, o pai joão, toda a senzala,
todas as sombras que não vivem mais.
Jorge de Lima
Im Poesia Completa
4) Segundo o texto, marque a opção INCORRETA.
A) O poeta conseguiu ser importante.
B) As sombras na parede foram seu primeiro cinema.
C)O candeeiro estava presente na reunião familiar.
D) Seus pais tinham escravos.
E) Há referência à Natureza.
5) No texto, “serão” significa:
A) trabalho noturno.
B) tarefa bem remunerada.
C) tempo depois do jantar até a hora de
dormir.
D) encontro literário.
E) reunião de amigos.