Leia o poema abaixo de Augusto dos Anjos e responda às questões propostas.
O poeta do hediondo
Sofro aceleradíssimas pancadas
No coração. Ataca-me a existência
A mortificadora coalescência
Das desgraças humanas congregadas!
Em alucinatórias cavalgadas,
Eu sinto, então, sondando-me a consciência
A ultra-inquisitorial clarividência
De todas as neuronas acordadas!
Quanto me dói no cérebro esta sonda!
Ah! Certamente eu sou a mais hedionda
Generalização do Desconforto...
Eu sou aquele que ficou sozinho
Cantando sobre os ossos do caminho
A poesia de tudo quanto é morto!
Hediondo: que provoca repulsão; repugnante; horrível; que cheira mal.
Mortificadora: que aflige; que suprime ou extingue a vitalidade ou o vigor.
Coalescência: Fusão; união, junção ou aderência do que estava separado.
Ultra: que está além, em excesso.
Inquisitorial: investigativo.
Clarividência: faculdade por meio da qual o médium, sem empregar os sentidos, toma conhecimento do mundo exterior; visão clara e penetrante das coisas.
Neurona: células do sistema nervoso.
A. Lendo o significado de “hediondo”, por que podemos afirmar que a leitura do poema de Augusto dos Anjos é capaz de provocar alguma dessas reações descritas acima?
B. Se o poeta e sua linguagem provocam repulsa ou horror, na sua opinião, por que será que sua obra ainda é lida até hoje por um grande público e estudada nas universidades de Letras?
C. Que características você percebe nesse poema?