Para se estabelecer as diferenças entre o pensar mítico e o filosófico é necessário, primeiramente, distinguir a mitologia da filosofia.
Tanto a mitologia quanto a filosofia são áreas do conhecimento humano que buscam explicar o mundo, o homem, seus comportamentos e o funcionamento das coisas em geral. No entanto, fazem isso por caminhos diferentes.
Os mitos são narrativas sagradas que descrevem a origem das coisas (da natureza, dos homens, da vida e da morte, das leis etc.) de forma sobrenatural. Na maior parte das culturas, os mitos envolvem deuses ou heróis que resolvem conflitos ou passam por desafios, sendo que tais histórias são transmitidas por uma autoridade, a qual recebeu permissão divina para contá-las às demais gerações. Assim, os mitos são considerados, por aqueles que neles acreditam, como fatos verdadeiros e incontestáveis (também chamados "dogmas").
Já a filosofia, por sua vez, surge na Grécia Antiga, quando alguns pensadores, descontentes com as explicações que a mitologia lhes dava, começaram a fazer suas próprias perguntas, e a buscar, eles mesmos, respostas para elas, sem depender de uma autoridade religiosa. Concluíram, assim, que as explicações sobre a origem e o funcionamento das coisas poderiam ser descobertas pela própria razão humana, pelo exercício intelectual, e que não eram algo secreto e misterioso, podendo ser conhecidas e ensinadas por todos. Porém, por serem fruto do exercício intelectual humano, as respostas do pensar filosófico não podem ser consideradas dogmáticas, ou seja, verdades absolutas, sendo sempre possível a sua constestação, desde que haja bons argumentos.
