a.
O rei mandou chamar a filha e anunciou a decisão que havia tomado:
– Prometi ao fogo que você se casará com ele.
– Com o fogo? Mas se eu prometi à chuva que me casaria com ela!
– Agora, o que faremos? – exclamou o rei, preocupado. Estamos presos entre duas promessas!
O fogo e a chuva foram visitar a princesa ao mesmo tempo, e o rei, que apareceu para recebê-los,
aproveitou para lhes dizer que já havia decidido a data do casamento de sua filha.
– O casamento comigo? – perguntou o fogo.
– O casamento comigo? – perguntou a chuva.
– A princesa vai se casar com quem vencer a corrida que vou organizar no dia do casamento – disse o rei.
À medida que se aproximava a data da celebração, a expectativa crescia na aldeia. Alguns estavam
convencidos de que o fogo venceria. Outros achavam que quem ganharia seria a chuva. A princesa não
contara a ninguém, mas para ela estava muito claro que não importava quem ganhasse a corrida
organizada por seu pai, ela manteria sua promessa e só se casaria com a chuva. Chegou o dia do
casamento e da corrida. E era um dia de muito vento.
O rei fez um sinal com a mão e os tambores soaram. Começou a corrida. No início, o fogo ia ganhando,
porque o vento ajudava a manter as chamas e a avançar depressa. E a chuva não fazia praticamente
nenhum esforço, caíam apenas algumas gotas do céu. O fogo continuava avançando com rapidez, e todo
mundo achava que ele ia ganhar com facilidade. Quando quase chegou ao lugar onde o rei e a princesa
estavam sentados, ouviu-se um trovão, e todos viram a chuva preparada para cair. Mas, parecia tarde
demais! O fogo avançava e, quando lhe faltavam poucos metros, a chuva soltou uma cortina de água com
todas as suas forças. O fogo se apagou de repente, antes de chegar ao final, e a chuva foi declarada
vencedora.
A princesa dançou feliz embaixo da chuva que caía ao ritmo das percussões do povo que ainda soavam.
Desde aquele dia, sempre houve uma grande inimizade entre o fogo e a chuva. E, ainda hoje, quando
chove com força, muitos se põem a dançar embaixo da água que cai do céu, lembrando o casamento da
princesa.

Anna Soler-Pont. O príncipe medroso e outros contos africanos. Tradução de Luís Reye Gil. São Paulo:Companhia das Letras, 2009.
1) O texto que você acabou de ler foi produzido em linguagem verbal, linguagem não-verbal ou linguagem
mista? Justifique sua resposta.
2) O narrador presente no texto é um narrador personagem ou observador? Justifique sua resposta e retire
do texto um trecho para confirmar sua resposta.
3) Qual o assunto do conto?
4) No decorrer do conto surgiu um conflito (problema). O que aconteceu?
5) Como o rei resolveu o conflito (problema)? Explique com as suas palavras.
6) Quem venceu a corrida organizada pelo rei? Como este personagem conseguiu vencer?
7) Qual foi o prêmio para quem venceu a corrida?

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8) A princesa, o rei, o fogo e a água são os personagens deste conto africano. Estas palavras, que
representam cada um dos personagens e que estão grifadas nesta questão, são:
a. ( ) substantivos b. ( ) adjetivos
9) Atribua a cada um dos personagens uma característica de acordo com as atitudes de cada um deles na
história.
a. princesa:
b. rei:
c. fogo:
d. água:
10) No conto, a princesa havia prometido se casar com a água mas seu pai, o rei, havia prometido sua
mão para o fogo. Para resolver a situação, o rei organizou uma corrida. O vencedor se casaria com a
princesa. E você, como resolveria a situação? Crie uma outra solução bem criativa para este conflito.
11) No conto temos a presença do discurso direto (fala dos personagens). Identifique os personagens que
disseram cada uma das falas abaixo:
“– Prometi ao fogo que você se casará com ele.”
“– Com o fogo? Mas se eu prometi à chuva que me casaria com ela!”
“– A princesa vai se casar com quem vencer a corrida que vou organizar no dia do casamento.”
12) Retire do texto outras falas dos personagens (discurso direto).Consciência Negra.