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A GUERRA DO PARAGUAI NA HISTORIOGRAFIA

André Salles

A Guerra do Paraguai é um tema muito controverso. Logo após a guerra, surgiu a

primeira versão oficial do conflito, que foi difundida pelo exército brasileiro. Essa narrativa

memorialístico-patriótica enaltecia os comandantes militares acusava Solano Lópes de ser o

culpado da guerra por ter agredido o Império brasileiro.

Após a Proclamação da República, em 1889, surgiu uma vertente historiográfica que,

por um lado, criticava a ação do Estado imperial na Guerra do Paraguai, em razão dos interesses

republicanos, mas, por outro, ainda tendia a exaltar os efeitos militares.

Essa visão começou a ser desconstruída a partir do final dos anos 1960, com estudos de

león Pomer e Júlio José Chiavenato. Segundo eles, os interesses econômicos britânicos na

América Latina contribuíram decisivamente, mas não foram o único fator, para a eclosão da

Guerra do Paraguai. Ansiosos por manter seus produtos circulando na região, os britânicos

financiaram o conflito, contando com o apoio das elites locais.

A partir dos anos de 1980, estudiosos como Francisco Doratioto questionaram essa

visão, argumentando que ela tinha raízes em um pensamento colonialista na medida em que

usava um país europeu para explicar um conflito na América e desconsiderava os latinos-

americanos como sujeitos de sua própria história.

A guerra, segundo ele, seria fruto do contexto de consolidação dos Estados nacionais da

região. Além disso, o Paraguai teria boas relações com os britânicos, que até mesmo

contribuíram para a modernização do exército paraguaio.

ATIVIDADES SOBRE O TEXTO

1) Por que não é possível afirmar que há um consenso historiográfico sobre a Guerra do

Paraguai?

2) Escreva quais são as principais vertentes e interpretações do conflito.

3) O que os debates sobre a Guerra do Paraguai revelam sobre o ofício do historiador e a

história?

4) Sobre a Guerra do Paraguai, pesquise:

a) Onde e quando iniciou o conflito e quanto tempo durou.

b) As principais causas.

c) O desfecho do conflito.​

Sagot :

Resposta:

1) Por que não é possível afirmar que há um consenso historiográfico sobre a Guerra do Paraguai?

2) Escreva quais são as principais vertentes e interpretações do conflito.

3)O que os debates sobre a Guerra do Paraguai revelam sobre o ofício do historiador e a história?

4) Sobre a Guerra do Paraguai, pesquise: a) Onde e quando iniciou o conflito e quanto tempo durou. b) As principais causas. c) O desfecho do conflito.​

Explicação:

A Guerra do Paraguai foi o maior conflito internacional que aconteceu na história da América do Sul. De dezembro de 1864 a março de 1870, o governo do Paraguai esteve em conflito contra os governos do Brasil, Argentina e Uruguai. Esse conflito deixou inúmeras consequências para todos os envolvidos e foi um divisor de águas na história dos países da bacia platina.

A Guerra do Paraguai no debate historiográfico

A compreensão que se teve da Guerra do Paraguai ao longo da história sofreu profundas transformações. O entendimento que se tem atualmente sobre esse conflito nasceu na década de 1990 a partir de novos estudos na área. A respeito da Guerra do Paraguai, destacam-se três diferentes interpretações que estiveram em vigor, cada qual em seu momento específico. Os historiadores chamam essas diferentes interpretações de historiografia.

No entanto, professor, antes de iniciar o estudo a respeito de cada uma das historiografias sobre a Guerra do Paraguai, é importante realizar uma definição básica a respeito do conceito de historiografia. Sendo assim, o que é historiografia? De uma maneira bem resumida, a historiografia é o estudo da escrita da história, isto é, como os eventos do passado foram registrados e quais transformações aconteceram ao longo do tempo no entendimento a respeito dos eventos passados.

Assim, é característico que cada cultura em sua época produza sua própria forma de registrar e entender a história, ou seja, possua sua própria historiografia e seu próprio método. As mudanças do contexto, como questões econômicas, políticas e culturais, levam os historiadores a novas formas de entendimento e interpretação dos eventos passados. Assim foi com a Guerra do Paraguai.

Primeiramente, professor, precisamos compreender que a atual historiografia sobre a Guerra do Paraguai foi resultado de novos estudos realizados a partir de documentação inédita. O contexto geopolítico do Brasil na década de 1990 era diferente do contexto geopolítico existente na década de 1960 e isso também contribuiu para o desenvolvimento da nova historiografia.

Historiografias sobre a Guerra do Paraguai

A respeito da Guerra do Paraguai, existiram no Brasil três diferentes historiografias, cada qual com sua forma de interpretar o conflito. As três historiografias são:

Historiografia Tradicional

Historiografia Revisionista

Historiografia Moderna

A historiografia tradicional foi muito comum no Brasil até a década de 1960 e trata a guerra como resultado único da megalomania e tirania do ditador paraguaio Francisco Solano López. Essa historiografia é considerada ufanista e entende que a guerra foi resultado dos interesses expansionistas do ditador paraguaio na região da bacia platina. Assim, essa historiografia entende a união de Brasil, Argentina e Uruguai apenas como uma reação contra a tirania do Paraguai.

A historiografia revisionista surgiu e popularizou-se na década de 1960 e foi muito comum até o início da década de 1990 – apesar de ainda hoje existirem aqueles que a defendam. Essa historiografia basicamente afirmava que a Guerra do Paraguai foi causada pelo imperialismo britânico com o objetivo de destruir o desenvolvimento econômico autônomo que estava em curso no Paraguai.

O revisionismo histórico afirma que, durante os anos de isolamento político e econômico do Paraguai (entre as décadas de 1810 e 1860), desenvolveu-se um projeto modernizador não vinculado ao capitalismo britânico. Nesse projeto modernizador, o Paraguai supostamente havia desenvolvido uma infraestrutura relevante, uma indústria pujante e excelentes índices de desenvolvimento social.

Assim, para destruir o “mau exemplo” paraguaio, a Inglaterra teria manipulado Brasil e Argentina para que juntas iniciassem um conflito contra o Paraguai e destruíssem a economia e infraestrutura daquele país. Esse modelo, no entanto, sofre críticas relevantes hoje por causa do seu caráter demasiadamente ideológico e pela falta de comprovação documental.