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O GAÚCHO.
A savana, que ocupa uma parte da Argentina, Uruguai e Rio Grande do Sul, denomina-se Pampa. Habitada por índios charruas, minuanos, chanás, guenoas e iarós, que viviam da caça, passou a abrigar um novo tipo social, o GAÚCHO ou gaudério, sem pátria, sem lar. Esse tipo social, era formado por desertores, fugitivos, vagabundos, criminosos, tanto portugueses como espanhóis, negros e índios, todos marginalizados pela sociedade latifundiária que se dedicava à pecuária extensiva.
Há duas correntes sobre a origem do GAÚCHO: uma histórica baseada em documentos e em crônicas de viajantes, e outra mítica, criada por intelectuais através de contos e poesias românticas. O latifúndio, concentrando muita terra em mãos de poucos, gerou a miséria, o desemprego e a exclusão social. O GAÚCHO era um excluído que obtinha trabalho no período da safra das charqueadas e nos rodeios, por isso ele respeitava a propriedade de determinados estancieiros para garantir emprego na próxima safra. Naqueles tempos, o soldado servia seis anos, sofrendo castigos corporais e atraso de vencimentos. A deserção era um meio de sobrevivência. No século XVIII, a maior parte da população vivia na zona rural. A vila, com igreja, pequeno comércio, artesãos e alguma autoridade policial, era apenas um sinal de civilização.
Segundo Emílio Coni, o primeiro registro do tipo de GAÚCHO surgiu em Santa Fé, quando MOZOS PERDIDOS, vestidos a semelhança dos charruas, com botas de garrão de potro, chiripá e poncho, assaltavam as estâncias. O cabildo de Buenos Aires, em 1642,refere-se a cuatreiros e vagabundos que, a maneira dos moços de Santa Fé roubavam o gado das estâncias. Cartas dos Jesuítas registram que em 1686 surgiram os vagos ou vagabundos pilhando as estâncias missioneiras. Em 1700 aparecem como changadores na Vacaria do Mar, e como vagabundos é changadores perto de Montevidéu em 1705.
O termo GAÚCHO se popularizou a partir de 1800. O sargento-mor José de Saldanha relata sobre o ataque aos sete povos, em 1801,por tropas portuguesas e pelos "nossos gaúchos, ou salteadores do campo" comandados por Manuel dos Santos que pelas crueldades cometidas deveria ser chamado Manuel do Diabo. (Conselho ultramarino, Cx.5,Doc.401).
De novembro a março praticava-se a courama nos rincões da Vacaria do Mar. Quando pagavam imposto em Montevidéu pela courama eram chamados de FAENEROS, mas quando vendiam o couro e o sebo aos piratas franceses no litoral, entre Maldonado e Castilhos Grandes, eram denominados de changadores ou contrabandistas.
Saint-Hilaire, em 1820 estabeleceu a diferença entre o campeiro que trabalhava nas estâncias e o gaúcho pilhador e ladrão, que se engajava nos exércitos espanhol ou português apenas para saquear, não entendendo o significado de pátria.