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A questão a seguir refere-se ao fragmento da obra A Confissão da Leoa, de Mia Couto, São Paulo,Companhia das letras, 2012, p. 13-14. Deus já foi mulher. Antes de se exilar para longe da sua criação e quando ainda não se chamava Nungu, o atual senhor do universo parecia-se com todas as mães deste mundo. Nesse outro tempo, falávamos a mesma língua dos mares, da terra e dos céus. O meu avô diz que esse reinado há muito que morreu. Mas resta, algures dentro de nós, memória dessa época longínqua. Sobrevivem ilusões e certezas que, na nossa aldeia de Kulumani, são passadas de geração em geração. Todos sabemos, por exemplo, que o céu ainda não está acabado. São as mulheres que, desde há milênios, vão tecendo esse infinito véu. Quando os seus ventres se arredondam, uma porção do céu fica acrescentada. Ao inverso, quando perdem um filho, esse pedaço de firmamento volta a definhar. Talvez por essa razão a minha mãe, Hanifa Assulua, não tenha parado de contemplar as nuvens durante o enterro da sua filha mais velha. A minha irmã, Silência, foi a última vítima dos leões que, desde há algumas semanas, atormentam a nossa povoação. Porque morreu desfigurada, deitaram o que lhe sobrava do corpo sobre o lado esquerdo, com a cabeça virada para o Nascente e os pés virados para o Sul. Durante a cerimônia, a mãe parecia dançar: vezes sem conta ela se inclinou sobre um cântaro feito por suas próprias mãos. Aspergiu água sobre a terra em volta que, depois, calcou com ambos os pés, com o mesmo embalo de quem semeia. [. ] No chão sagrado do nosso cemitério figurava mais uma cruz a mostrar que éramos distintos, entre muçulmanos e pagãos. Hoje eu sei: colocamos uma lápide sobre os mortos, não é por respeito. É por medo. Temos receio de que regressem. Esse medo, com o tempo, torna-se maior que a saudade. A respeito do fragmento do texto de Mia Couto, leia as afirmações que seguem, marque "V" para verdadeiro e "F" para falso, nos parênteses e, após, escolha a alternativa correta. ( ) Na aldeia de Kulumani, ilusões e certezas são passadas de geração em geração. ( ) O povo de Kulumani, segundo a narradora, não tem memória. ( ) Segundo a narradora, são as mulheres que tecem o céu. ( ) Para a narradora, quando uma mãe perde um filho, um pedaço do céu míngua. ( ) Sobre a morte, a narradora afirma que a saudade dos mortos é maior do que o medo.

Sagot :

Resposta:

só estou querendo pontos de graça

Explicação:

desculpa ae I am really sorry

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