Os povos indigenas têm, historicamente, construido um saber milenar que vem influenciando suas maneiras de ser e viver. Tais saberes
refletem em suas relações, no cuidado com sua saúde, que também tem contribuído para a manutenção da biodiversidade. Isso porque,
para o indigena, 'cuidar da saúde", significa "cuidar da natureza", uma vez que tudo está interligado. A partir da década de 1980, saberes
e práticas tradicionais têm sido valorizados, em especial nos discursos de conservação de ecossistemas e biodiversidade. A constatação
de que as populações tradicionais adotam mecanismos de preservação e/ou conservação da natureza está associada a um leque de
alternativas para resolução dos problemas ambientais globais. As políticas de saúde indigena, apesar de contemplarem, a partir de 1988,
com a Constituição da República Federativa do Brasil, o atendimento às especificidades étnicas e socioculturais, ainda padecem de uma
série de obstáculos quando de sua execução. Um grande contingente de populações indigenas tem passado a viver nos centros urbanos
das cidades amazônicas, e tem colocado desafios novos para as políticas públicas, dentre elas as de saúde. A diversidade cultural ainda
não vem sendo devidamente considerada no trato da saúde indigena, o que pode ser percebido nas cidades amazônicas, como Belém e
Manaus. Nessas cidades, vêm sendo desenvolvidas políticas de saúde para indígenas, mas a maioria dos que vivem em áreas urbanas
não tem acesso a elas, ou, quando tem, vem acompanhada de inúmeras limitações.
GONÇALVES, R.F.: PALHETA, R. P. Cuidar do corpo, cuidar da natureza: saúde indigena e biodiversidade na Amazônia brasileira. In: MALCHER, M.
A: MARQUES, JA, PAULA, L. R. de; et al (orgs.). História, comunicação, biodiversidade na Amazônia. São Paulo: Acquarello, 2012, 173-196
(adaptado).
Considerando o que foi exposto no texto acima, podemos afirmar que:
1. Os povos indigenas são considerados conhecedores natos de nossos ecossistemas. Seus estilos de vida revelaram/revelam uma
relação bem mais harmônica com o meio ambiente em comparação a nossa sociedade moderna ocidental.
II. As diversas populações tradicionais têm sua parcela de contribuição na conservação e uso sustentável da biodiversidade, bem
como, historicamente, têm contribuido para potencializá-la.
III. As políticas públicas voltadas à sustentabilidade ou delimitação de áreas de conservação precisam levar em consideração os
conhecimentos e as técnicas de manejo dos recursos naturais empreendidas por essas populações.