O Sistersinspirit.ca ajuda você a encontrar respostas para suas perguntas com a ajuda de uma comunidade de especialistas. Descubra um vasto conhecimento de profissionais em diferentes disciplinas em nossa amigável plataforma de perguntas e respostas. Explore nossa plataforma de perguntas e respostas para encontrar respostas detalhadas de uma ampla gama de especialistas em diversas áreas.

Leia o texto a seguir para responder à questão 11

Acompanho com assombro o que andam dizendo sobre os primeiros 500 anos do brasileiro. Concordo com todas as opiniões emitidas e com as minhas em primeiríssimo lugar. Tenho para mim que há dois referenciais literários para nos definir. De um lado, o produto daquilo que Gilberto Freyre chamou de casa-grande e senzala, o homem miscigenado, potente e tendendo a ser feliz. De outro, o Macunaíma, herói sem nenhuma definição, ou sem nenhum caráter como queria o próprio Mário de Andrade. Fomos e seremos assim, em nossa essência, embora as circunstâncias mudem e nós mudemos com elas. Retomando a imagem literária, citemos a Capitu menina e teremos como sempre a intervenção soberana de Machado de Assis. Um rapaz da plateia me perguntou onde ficaria o homem de Guimarães Rosa, outra coordenada que nos ajuda a definir o brasileiro. Evidente que o universo de Rosa é sobretudo verbal, mas o homem é causa e efeito do verbo. Por isso mesmo, o personagem rosiano tem a ver com o homem de Gilberto Freyre e de Mário de Andrade. É um refugo consciente da casa-grande e da senzala, o opositor de uma e de outra, criando a sua própria vereda, mas sem esquecer o ressentimento social do qual se afastou e contra o qual procura lutar. É também macunaímico, pois sem definição catalogada na escala de valores culturais oriundos de sua formação racial. Nem por acaso um dos personagens mais importantes do mundo de Rosa é uma mulher que se faz passar por jagunço. Ou seja, um herói ou heroína sem nenhum caráter. Tomando Gilberto Freyre como a linha vertical e Mário de Andrade como a linha horizontal de um ângulo reto, teríamos Guimarães Rosa como a hipotenusa fechando o triângulo. A imagem geométrica pode ser forçada, mas foi a que me veio na hora e acho que fui entendido.

CONY, Carlos Heitor. Folha Ilustrada, 5º Caderno, São Paulo, 21/04/2000.

A análise e a interpretação do texto permitem afirmar que:


a.
Macunaíma, produto de Mário de Andrade, representa, alegoricamente, diversos valores éticos e morais da sociedade.


b.
a menção feita à intervenção de Machado de Assis sobre Capitu tem a finalidade de justificar o caráter deturpado da personagem.


c.
a imagem geométrica citada na penúltima linha por meio de uma metáfora reforça a ideia de que Cony busca definir o brasileiro a partir da união de elementos da personalidade de grandes personagens da Literatura brasileira.


d.
o autor assombra-se com o fato das opiniões emitidas sobre os primeiros 500 anos do brasileiro serem contrárias às dele.


e.
as referenciações literárias feitas pelo autor revelam a opinião pessoal de que o brasileiro não possui caráter algum.


Sagot :

Acerca da literatura brasileira, está correto o apresentado na letra C. Por meio da leitura desse texto, conclui-se que o articulista busca identificar o brasileiro por intermédio de um conjunto de grandes personagens da literatura nacional.

Portanto, o brasileiro não é apenas um destes indivíduos literários, mas sim, a união de diversas características emblemáticas, as quais fazem parte da literatura histórica do país.