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Considere a afirmação abaixo:

“O súdito ideal do regime totalitário não é o Nazista ou o Comunista convicto, mas sim uma pessoa para quem a distinção entre o fato e a ficção e entre o verdadeiro e o falso não mais existe”.
ARENDT, Hannah. Origens do Totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.


Em sua obra “Origens do Totalitarismo”, originalmente publicada em 1951, a filósofa alemã Hannah Arendt – imersa na revolução das teorias políticas no mundo pós-Segunda Guerra Mundial –, faz uso da palavra “fato” como oposição a “ficção”, mas toma cuidado para não usar “fato” como sinônimo de “verdadeiro”. Essa distinção parece estranha à primeira vista, mas tem bases consolidadas nas interpretações contemporâneas que as Teorias da História dão ao termo.

Ainda assim, alguns entroncamentos entre o “fato histórico” e o fato como sinônimo de “legítimo” são possíveis. Historiadores contemporâneos diariamente enfrentam um problema midiático gravíssimo, que consiste na disseminação de mentiras (ou verdades “incompletas”) para o fortalecimento de determinadas agendas políticas. Nas palavras da filósofa Hannah Arendt, a fixação dessas mentiras – atualmente chamadas de “fake news” – favorece o florescimento de uma sociedade autoritária, ditatorial. De acordo com o disposto na Área de Linguagens da BNCC:

“Para além dos gêneros que circulam na esfera pública, nos campos jornalístico-midiático e de atuação na vida pública, são consideradas práticas contemporâneas de curtir, comentar, redistribuir, publicar notícias, curar etc. e tematizadas questões polêmicas envolvendo as dinâmicas das redes sociais e os interesses que movem a esfera jornalística-midiática. A questão da confiabilidade da informação, da proliferação de fake news, da manipulação de fatos e opiniões tem destaque e muitas das habilidades se relacionam com a comparação e análise de notícias em diferentes fontes e mídias, com análise de sites e serviços checadores de notícias e com o exercício da curadoria, estando previsto o uso de ferramentas digitais de curadoria. [O papel do professor é] promover uma formação que faça frente a fenômenos como o da pós-verdade, o efeito bolha e proliferação de discursos de ódio, que possa promover uma sensibilidade para com os fatos que afetam drasticamente a vida de pessoas e prever um trato ético com o debate de ideias.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Consulta pública. Brasília, MEC/CONSED/UNDIME. Disponível em: . Acesso em: 07/08/2021.

Com base no exposto, e considerando o seu papel como futuro profissional da História, produza um texto dissertativo argumentativo a respeito da responsabilidade e da importância do professor e do historiador no combate às fake news, e na valorização de uma Ciência Histórica estruturada sobre pesquisas e metodologias rígidas. Lembre-se de considerar o que aprendeu a respeito da função do pesquisador e do valor da visão analítica de fatos e fontes.

Sagot :

O historiador é o profissional fundamental para representar a necessidade da busca adequada de fontes, materiais e embasamento teórico para a elaboração de teorias e interpretações quanto a determinados fatos e suas consequências. O trabalho do historiador não se baseia em suas crenças pessoais e no senso comum, mas na descoberta de fontes históricas que passam posteriormente por um processo de análise e avaliação por mais de um profissional.

O método de pesquisa utilizado pelo profissional de estudo da história, pode e deve ser aplicado por qualquer individuo ao receber determinada notícia ou informação, conferir a origem das fontes da informação, realizar a comparação de informações com outras fontes, pesquisar sobre os fatos abordados e ignorar as crenças pessoas para assumir uma postura profissional.  Sendo assim, o método de pesquisa e trabalho do historiador é fundamental para influenciar a construção de uma cultura que busque combater a disseminação das fake news e seus danos na política, economia e sociedade.

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