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Sagot :
título original atribuído a esta obra denomina-se Desencuentros, designação que, além de abranger, de uma forma mais precisa, todos os pequenos relatos sob a forma de mini-contos aqui reunidos que têm, como denominador comum, um sentimento predominante de tristeza e melancolia ou, mesmo, de Saudade.
Encontro de Amor num país de Guerra (na versão portuguesa) é o resultado final da recolha de textos dispersos, guardados e esquecidos, durante muitos anos, pelas gavetas do Autor, que foram, aqui, agrupados em três categorias diferentes.
Esta publicação marca o fim do período de produção literária de Sepúlveda anterior a O Velho que lia Romances de Amor.
A primeira a parte consiste, essencialmente, em desencontros que têm a ver com Amores e Desamores, ou seja, paixões que não se concretizam pela alteração radical das circunstâncias de vida a envolver todo um sistema social, que é alterado pelos reveses da Fortuna num país onde se defrontam grupos armados em representação de facções políticas opostas. Que acabam por condicionar todo o quotidiano individual, afectando os planos a curto, médio e longo prazo, mesmo no que toca ao amor e às relações próximas.
Trata-se de pequenas estórias, narrativas, construídas numa linguagem objectiva, jornalística, mas entremeadas por frases de elevadíssimo teor poético – para “esquecer a morte pão de cada dia”in Encontro de Amor num País de Guerra, a estória que dá título à versão portuguesa. Uma linguagem que traduz uma surpreendente associação de estímulos sensoriais, memórias que convergem para um ponto de intersecção perdido, algures, num tempo imaginário.
Há, em Encontro de Amor num país de Guerra, amantes que se perdem um do outro, separados pela morte, pela guerra, pelo acaso, pelo Oceano.
Ou pelo preconceito dos outros.
Há desamores para todos os gostos. Relações que se desgastam, que sofrem a erosão do tempo, equívocos, medos.
Num país em tempo de guerra há, também, Heróis e Canalhas, a segunda categoria de desencontros. Dois tipos sociais, aparentemente antagónicos, que poderão não ser facilmente identificáveis à primeira vista pois “nada é o que parece”.
Porque, do ponto de vista deste autor chileno, heróis são aqueles que suportam estoicamente a tirania dos canalhas.
Luís Sepúlveda, no seu melhor.
Pela forma como desenvolve a narrativa, o sentido do ritmo – sentido na cadência das rodas de um comboio que desliza nos carris para a terra de ninguém, outro apontamento de uma “viagem para lugar nenhum”. E, também pelos traços culturais sul-americanos que jorram da pena do Autor, desde a Música – que tem, também, o colorido da sua passagem pela Europa – até à Geografia, passando pelas lendas, vindas das civilizações antigas – Maia e Inca.
A terceira categoria de desencontros provém dos Imprevistos, que impedem os amantes ou, simplesmente, os amigos de comparecerem aos seus compromissos.
A evocação é o principal recurso utilizado para narrar estes imprevistos, frutos do acaso, seja ele de origem humana ou divina, e cuja principal consequência é um desencontro fatal. A nostalgia e a saudade, a espreitar através de uma melodia ou de uma imagem fotográfica.
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