Crônica e Ovo
A discussão sobre o que é, exatamente, crônica é quase tão antiga quanto àquela sobre a genealogia da galinha. Se um texto é crônica, conto ou outra coisa interessa aos estudiosos da literatura assim como se o que nasceu primeiro foi o ovo ou a galinha a zoólogos, geneticistas, historiadores, e (suponho) o galo, mas não deve preocupar nem o produtor nem o consumidor. Nem a mim nem a você.
Eu me coloco na posição da galinha. Sem piadas, por favor. Duvido que a galinha tenha uma teoria sobre o ovo, ou, na hora de botá-lo qualquer tipo de hesitação filosófica. Se tivesse, provavelmente não botaria o ovo: É da sua natureza botar ovos, ela jamais se pergunta, “Meu Deus, o que eu estou fazendo?”. Da mesma forma que o escritor diante do papel branco (ou, hoje em dia, na frente da tela do computador) não pode ficar se policiando para só “botar” textos que se enquadrem em alguma definição técnica de “crônica”. O que aparecer é crônica.
Há uma diferença entre o cronista e a galinha, além das óbvias (a galinha é menor e mais nervosa). Por uma questão funcional, o ovo tem sempre o mesmo formato, coincidentemente oval. O cronista também precisa respeitar certas convenções e limites: mas está livre para produzir seus ovos em qualquer formato. Existem textos classificados como contos, paródias, outros que são puros exercícios de estilo ou simples anedotas e até alguns que se submetem ao conceito acadêmico de crônica. Ao contrário da galinha, podemos decidir se o ovo do dia será listrado, fosforescente ou quadrado.
Você, que é o consumidor do ovo e do texto, só tem que saboreá-lo e decidir se é bom ou ruim, não se é crônica ou não é. Os textos estão na mesa: fritos, estrelados, quentes, mexidos... Você só precisa de um bom apetite.
1. Como o autor concebe a crônica?
2. Para o autor, importa saber que tipo de texto ele está escrevendo? Por que ele estabelece uma relação entre a crônica, o conto ou outros gêneros literários?
3. O autor utiliza-se de uma função da linguagem, a metalinguagem, ou seja, usa uma crônica para falar da própria crônica? Justifique utilizando trechos do próprio texto.
4. Com base nos conceitos sobre a crônica, identifique quais são os elementos que comprovam que o texto de Luis Fernando Veríssimo é um representante do gênero crônica?
ALGUÉM ME AJUDAAAAAAAAAAAA