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TEXTO 3

NAMORO E FUTEBOL

Eles se conheceram na escola, onde cursavam a mesma classe.

E foi o legítimo amor à primeira vista. Uma semana depois já estavam namorando, e namorando

firme. Eram desses namorados que fazem as pessoas suspirar e dizer baixinho: meu Deus, o amor é lindo.

Ele, 17 anos, alto, forte, simpático; ela, 16, uma beleza rara. Logo estavam se visitando em casa. Os

pais de ambos davam a maior força para o namoro e antecipavam um casamento no futuro: os dois

formavam o casalzinho ideal. Inclusive eles gostavam das mesmas coisas: ler, ir ao cinema passear no parque. Mas alguma coisa tinha de aparecer, não é mesmo? Alguma coisa sempre aparece

para perturbar mesmo o idílio mais perfeito.

Foi o futebol.

Ele era maluco pelo esporte. Jogava num dos vários times da escola, no qual era o

goleiro. Um grande e esforçado goleiro, cujas defesas muitas vezes arrancavam aplausos da torcida.

Ela costumava assistir às partidas. No começo nem gostava muito, mas então passou a

se interessar. Um dia disse ao namorado que queria jogar também, no time das meninas da escola. Para

surpresa dela, ele se mostrou radicalmente contrário à ideia. Disse que futebol era coisa para homem, que

ela acabaria se machucando. Se queria praticar algum esporte, deveria escolher o vôlei. Ela

ficou absolutamente revoltada com o que considerou uma postura machista dele. Disse que iria começar a

treinar de qualquer jeito.

Começou mesmo. E levava jeito para a coisa: driblava bem, tinha um chute potente. Só que aquilo

azedava cada vez mais as relações entre eles. Discutiam com frequência e acabaram decidindo dar um

tempo. Uma notícia que deixou a todos consternados.

Passadas umas semanas, a surpresa: o time das meninas desafiou o time em que ele era

goleiro para uma partida.

Ele tentou o possível para convencer os companheiros a não jogar com elas. No fundo, porém, não

queria se ver frente a frente com a namorada, ou ex-namorada. Os outros perceberam isso,

disseram que era bobagem e o jogo foi marcado.

Ele estava tenso, nervoso. E não podia tirar os olhos dela. Agora tinha de admitir: jogava

muito bem, a garota. Era tão rápida, quanto graciosa e, olhando-a, ele sentia que, apesar das discussões,

ainda gostava dela.

De repente, o pênalti. Pênalti contra o time dos garotos. E ela foi designada para cobrá-Io. Ali

estavam os dois, ele nervoso, ela absolutamente impassível. Correu para a bola - no último segundo

ainda sorriu - e bateu forte. Um chute violento que ele, bem posicionado, defendeu. Sob os aplausos da

torcida.

O jogo terminou zero a zero. Eles se reconciliaram e agora estão firmes de novo. Mas uma dúvida o

persegue: será que ela não chutou a bola para que ele fizesse a brilhante defesa? Não teria sido aquilo um

gesto, por assim dizer, de reconciliação?

Ela se recusa a responder a essa pergunta. Diz que um pouco de mistério dá sabor ao namoro. E

talvez tenha razão. O fato é que, desde então, ela já cobrou vários pênaltis. E não errou nenhum.

MOACYR SCLIAR


HORA DE PRODUZIR

Se você fosse reescrever uma parte do texto: Namoro e Futebol, mudando o rumo da história ou

a relação entre os personagens, qual seria? Reescreva sua própria versão da crônica.​


Sagot :

Resposta:

tbm nn sei também estou precisando dessa e mais 4

Explicação:

tlgd né?