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A MULHER REAL, MULHER VIRTUAL - ESTA CRÔNICA PUBLICADA NA FOLHA DE SÃO PAULO POR MOACYR SCLIAR BASEADA EM UMA NOTÍCIA DE SETEMBRO DE 2008
Mulher tenta sequestrar namorado virtual nos EUA. São Paulo, segunda-feira, 01 de setembro de 2008


CARO LION: não, por favor, não delete este e-mail. Não o delete, Lion. Leia-o até o fim, é a única coisa que lhe peço. Leia-o, e depois decida o que fazer. Mas leia-o. Não o delete. Eu sei que você está furioso comigo, Lion. No seu lugar eu também estaria furiosa. Você inicia um relacionamento pela internet, que, segundo a prestigiosa revista "New Scientist", é, após os 45 anos, a forma ideal para encontrar um parceiro ou parceira. Você de fato encontra uma parceira. Você troca tórridos e-mails com ela. Você está feliz, feliz como nunca esteve em sua vida. Você abençoa esta tecnologia que lhe permite viver um verdadeiro romance virtual. E você não faz a mínima questão de conhecer essa parceira. Você prefere os delírios da imaginação amorosa à realidade que, como você mesmo disse em uma mensagem, frequentemente revela-se decepcionante. Não foram poucas as frustrações que você teve com mulheres agressivas, autoritárias, arrogantes. Muito diferentes daquela com a qual você trocava e-mails. E de repente esta mulher sai da cidade dela e vem procurar você. É uma terrível decepção. Trata-se de uma pessoa completamente diferente daquela criada por sua imaginação. Uma mulher, como aquelas que você odeia, agressiva, arrogante, autoritária. De imediato você dá o caso por encerrado. E aí, num ato desesperado, ela, armada com uma pistola, tenta sequestrar você. Você -coisa que poucos meses antes lhe pareceria inimaginável- é obrigado a fazer queixa à polícia. É por isso que lhe escrevo, Lion. Escrevo porque estou surpresa e horrorizada com o que aconteceu, com o que eu fiz. Mandando e-mails eu era uma, Lion; procurando você eu me tornei outra. Uma história tipo "O médico e o monstro". Não lhe procurarei mais, Lion, mas preciso que você me ajude a responder à pergunta que me tortura: quem sou eu, Lion? Sou a gentil e apaixonada autora dos e-mails ou sou a violenta mulher de revólver na mão? A mulher virtual é a mulher real, ou a mulher real na verdade é virtual? Precisamos conversar sobre isso, Lion. Caso contrário voltarei aí



10 - Você agora fará o caminho contrário, a partir da crônica, criará parte de uma notícia: uma manchete ( título) e o primeiro parágrafo, o lead ( o que aconteceu, com quem, quando, onde, por quê, e quais as consequências)