O que é o tempo?
Nós podemos perceber e medir o tempo de várias maneiras. Existe o
tempo da natureza, que não depende da vontade humana. Esse tempo pode ser
percebido, por exemplo, pela sucessão do dia e da noite ou pelo envelhecimento das
pessoas.
Diferentemente do tempo da natureza, o tempo cronológico pode ser
medido. A organização desse tempo foi estabelecida pelos seres humanos com o
intuito de controlar suas ações e medir o tempo da natureza, por isso, é um produto
cultural, podendo variar de uma sociedade para outra. O tempo cronológico pode ser
dividido em diferentes unidades de medidas: segundo, minuto, hora, dia mês, ano, etc.
Essas unidades, em geral, foram estabelecidas, ao longo do tempo, a partir dos ciclos
do Sol e da Lua.
O tempo histórico
As transformações sociais não ocorrem no mesmo ritmo: há mudanças
que ocorrem depressa e outras que demoram mais tempo para acontecer. O tempo
histórico permite que o historiador analise essas transformações e também as
permanências, isto é aquilo que parece não mudar.
Para facilitar o entendimento das transformações e permanências sociais,
o historiador francês Fernand Braudel propôs três diferentes durações do tempo
histórico. A esse respeito leia o texto:
(…) De acordo com o autor, o estudo dos fenômenos históricos inclui três
níveis: o tempo dos acontecimentos, de breve duração; o tempo das conjuntaras, um
período médio de 10, 20 ou 50 anos no qual, um determinado conjunto de
acontecimentos se prolonga; e o tempo da longa duração, que abrange séculos e se
caracteriza pela estabilidade.
Para tornar sua teoria mais clara, Braudel compara o tempo histórico ás
aguas do oceano. O tempo dos acontecimentos é breve e móvel como a água que fica
na superfície, agitada pelos acontecimentos e pela chuva. O tempo das conjunturas é
a camada que fica logo a baixo, onde as águas são mais calmas e servem de apoio
para a água da superfície. Por fim, o tempo da longa duração é representado pelo
fundo do oceano, onde as águas são praticamente imóveis e sustentam as outras
duas camadas. Como o oceano, o tempo é um só, mas inclui camadas temporais da
mesma forma que o oceano inclui camadas de água.
Caio César Boschi. Por que estudar história? São Paulo: Ática,
2007. p.42.
A divisão mais comum da história é a da Idade Antiga, Medieval, Moderna e
Contemporânea. Mas essa divisão é de toda a história do Homem? Para estabelecer
um caminho didático na exposição, desenvolvimento e pensamento dos fatos
históricos fez-se necessário a divisão da história em períodos com características
semelhantes, porém essa divisão não atende a todas as sociedades humanas. Na
visão de um mundo eurocêntrico onde a Europa é o centro político e geográfico do
mundo se estabeleceu para o ocidente a divisão da história segundo os
acontecimentos políticos, religiosos e econômicos da Europa como, por exemplo, a
Queda do Império romano, Queda de Constantinopla ou a Revolução Francesa. Mas
como dizer que tais acontecimentos foram decisivos para a história de sociedades que
não estavam ligadas direta ou indiretamente com esses fatos como uma tribo norte-
americana que nunca passou por um processo de industrialização, ou que não
construiu um grande império. Esse pensamento acaba por gerar um conceito de
sociedades desiguais e proporciona um conceito de sociedades mais avançadas que
outras. Para minimizar tais conceitos devemos nos apegar as características e
necessidades de cada comunidade/sociedade e não compará-las, tendo como base o
conceito da história é que devemos levar em consideração o tempo e o espaço das
populações, pois se o espaço ou o tempo são diferentes, consequentemente a história
também o será. Com isso não podemos alinhar o tempo histórico com o cronológico,
não cometendo anacronismos e nem desprezando culturas diferentes.
Qual a divisão mais comum da História? Qual o motivo dessa divisão? E qual é
a crítica a essa segmentação?