CATAR FEIJÃO A Alexandre O'Neill Catar feijão se limita com escrever: jogam-se os grãos na água do alguidar e as palavras na da folha de papel; e depois, joga-se fora o que boiar. Certo, toda palavra boiará no papel, água congelada, por chumbo seu verbo: pois para catar esse feijão, soprar nele, e jogar fora o leve e oco, palha e eco. Ora, nesse catar feijão, entra um risco: o de entre os grãos pesados entre um grão qualquer, pedra ou indigesto, um grão imastigável, de quebrar dente. Certo não, quando ao catar palavras: a pedra dá à frase seu grão mais vivo: obstrui a leitura fluviante, flutual, açula a atenção, isca-a com o risco. MELO NETO, João Cabral de. A educação pela pedra. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997, p. 16-17. QUESTÕES DE INTERPRETAÇÃO
1. O poema é sobre como catar feijão? Justifique.
2. Catar poderia ser substituído por que outras palavras?
3. Pode-se dizer que o texto é um poema de amor? Por qué?
4. Quantas estrofes há no poema?
5. Quantos versos há em cada estrofe?