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o político pode pertencer ao movimento de evangelização?​

Sagot :

Resposta:políticas é par criar leis deveres evangelização é acreditar em algum a entidade que não fala,nao se ver,e não respira

Explicação:

Resposta:

depende

Explicação:

As interações entre engajamentos religiosos e políticos se revelaram dinâmicas e apresentaram importantes dilemas à vivência comunitária. Os coordenadores de comunidade tinham como desafios corriqueiros atender às demandas dos leigos, do pároco, das outras lideranças religiosas e leigos participantes. Era uma atividade que exigia grande capacidade argumentativa e habilidade nas relações sociais, pois era necessário mobilizar lideranças para atividades comunitárias, conversar com famílias e pessoas cuja conduta fosse questionada pelos membros da comunidade, e, ainda, constituir exemplo de conduta por serem representantes dos interesses da Igreja Católica em contexto local.

As pessoas desenvolviam estas habilidades, tanto em práticas cotidianas, como para além delas, nos cursos de formação ministrados pelo Mobon em salões paroquiais, capelas e localidades improvisadas, na mesma cidade e também fora dela. Experiências novas e relevantes para pessoas que até ao momento quase não tinham contato com párocos, raramente falavam em público e o aprendizado de práticas religiosas era praticamente restrito à transmissão de devoção religiosa familiar.

A formação católica proporcionada pelos cursos do Mobon e a legitimidade de atuação leiga, fruto do processo de descentralização da paróquia, contribuía para a emergência de novos atores políticos em contexto local. Embora a política não emergisse como algo relevante a estes atores, a organização estabelecida era um cenário que favorecia tal propósito. Assim, há estreita relação entre exercer ocupação de liderança religiosa e engajamento político, não necessariamente partidário.

Processos similares estavam acontecendo no nordeste do Brasil, com o MEB. Segundo Kadt (2003: 382), a organização de comunidades, mesmo que rudimentares, “fizeram uma diferença significativa na capacidade da comunidade, primeiro de formular certas metas coletivas, e depois de agir com firme propósito de realizá-las”.

O texto de Neves (2008: 75), sobre a organização comunitária na região amazônica, também apontou para o fato de que, entre fins da década de 1960 e início da década de 1970, o Movimento de Educação de Base (MEB) contribuiu para a promoção de projetos pedagógicos emancipatórios e ajudou a agregar “aquelas unidades sociais e políticas em fluxos horizontais e verticais, agrupando e interconectando ribeirinhos para viverem entre comunidades”.

Casanova (1994) também destaca a importância do MEB para a organização social, enfatizando ainda que foi muito relevante a utilização dos métodos educacionais de “conscientização” de Paulo Freire. Ele mostra também a importância de estes processos terem ocorrido sob tutela da CNBB, o que institucionalizou e legitimou a emergência de concepções religiosas que destacam a necessidade de melhorias sociais.

A promoção de novas vivências comunitárias favorecia a emergência da concepção da capacidade de agir coletivamente. Esse fato, aliado ao contexto da década de 1970, em que grupos católicos se destacaram pela resistência à ditadura militar e formação da Comissão Pastoral da Terra (CPT), que tem como função primordial de defender trabalhadores rurais e pequenos trabalhadores no campo, lideranças católicas locais se viram legitimadas a reivindicar direitos:

Entrevista concedida por João Resende, em outubro de 2009.

A gente foi entendendo que essa fé exigia uma atuação, mas não entrou muito na questão da política não, entrou mais na questão social, sindicato, 1975 mais ou menos, a fase do sindicato. Como é que nós vamos viver a nossa fé se a gente não se organiza, sobretudo,o trabalhador rural que está aí a mercê de ninguém?15

Este relato do dirigente do Movimento ressalta a existência de um processo de transformações, que mesmo lento e gradual convergia para a união de diferentes campos de ação, o da religião e o da política. A organização dos trabalhadores rurais se via facilitada pelas organizações preexistentes, onde já havia desenvolvido um sentimento comunitário e participativo na construção de suas capelas, organização de festas e cursos, dentre outros. Esse aspeto contribuía para maior autoestima e sentido de ação no espaço público.