Um cacique guarani, considerado o mais sábio da tribo, andava infeliz. Caá-yari, única filha, queria se casar com um jovem guerreiro. Não iria mais morar com o velho pai e, para acompanhar o marido, viveria longe. Como não teria a filha a seu lado nos anos que lhe restavam, o cacique rezou pedindo um companheiro para as horas de solidão. Tupã ouviu a prece e mostrou para o indio um erval, com árvore de folhas muito verdes e lustrosas. Ensinou a colher, secar, torrar e moer essas folhas. E assim nasceu a erva-mate. Servido com água quente, o po forneceu uma bebida de gosto agradável. Tupã também ensinou o cacique a cortar um porongo em forma de cuia para acomodar a erva e a fazer um canudo de taquara trançada numa ponta para sorver o líquido quente. O mate e o apetrecho para tomar o chimarrão nasceram juntos. No decorrer dos séculos, os gaúchos substituíram as taquarinhas pelas bombas de metal e criaram enfeites para as cuias. O velho guerreiro recebeu de Tupã o melhor companheiro que poderia imaginar. Quando ia se sentir só, preparava um mate amargo. Caá-yari pôde casar e acompanhar o marido, mas seu carinho pelo pai a transformou na protetora de todos os ervais do Rio Grande do Sul. Até hoje, os gaúchos apreciadores de erva-mate juram que, nas horas de solidão e tristeza, o chimarrão é o amigo e conselheiro. Faz bem para a saúde do corpo e da alma, ninguém pode negar. Nas rodas de galpão, anima a conversa e mantém todo mundo alegre. URBIM, Carlos. "O negrinho do pastoreiro e outras lendas gaúchas". Porto Alegre: RBS Publicações, 2004. Questão
3 - Na passagem "Como não teria a filha a seu lado nos anos que lhe restavam [...]", o termo "Como" estabelece uma relação de
(A) causa (B) comparação (C) adversidade (D) conclusão. (E) explicação