Tristeza! É o que sinto quando abro meus olhos e vejo a mais terrível escuridão, que não
cessa. O único remédio é fechá-los e deixar-me levar pelas lembranças.
Lembro-me como se fosse ontem: bem cedinho, o sol não havia nem acordado ainda, eu já
estava na estrada da minha cidade Santa Branca que nem asfaltada era, pura terra, com uma
brochura e alguns lápis dentro de uma sacolinha de arroz – pois nossa vida era difícil e papai só
ganhava o suficiente para não morrermos de fome e frio. Enquanto caminhava, a poeira batia em
meus olhos e os fazia ficar cheios d’água.
Eu ia cantarolando que nem um sabiá até chegar à escola Barão de Santa Branca, hoje
bem conhecida na cidade e antigamente a única. Recordo-me de que lá havia um muro para
meninos e meninas não ficarem misturados. Bobagem! Ai de nós se tentássemos olhar para
elas... A régua cantava na palma de nossas mãos, parecia que os professores sentiam prazer em
fazer isso, eram rígidos demais.
1) DA ESCURIDÃO AO COLORIDO: Segundo o narrador, por que, apesar de estudarem juntos, os meninos não poderiam olhar para as
meninas?