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Sagot :
Resposta:
Explicação:
"Numa folha qualquer, eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas, é fácil fazer um castelo
Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva
E se faço chover com dois riscos, tenho um guarda-chuva"
Logo de cara, somos arrebatados pela leveza e pela falta de urgência que tomam conta da infância. Veja que para desenhar, o poeta deixa claro que não precisa ser uma folha especial, papel timbrado ou algo do tipo. Pode ser papelão ou até mesmo o piso do chão. Incluindo as paredes [#QuemNunca], qualquer lugar é uma perfeita tela para fazer desenhos. Nessa quadra de versos, Toquinho não dita normas, mas dá liberdade de expressão às crianças.
"Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel
Num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu"
Ao analisarmos os dois versos acima de forma isolada, observamos traços de uma mensagem positivista. Sendo assim, entendemos que se repente alguma coisa de errado acontecer, não tem problema. É fácil transformar as amarras do pequeno descuido em algo libertador [o lindo pássaro a voar no céu].
"Vai voando, contornando a imensa curva Norte e Sul
Vou com ela viajando Havaí, Pequim ou Istambul
Pinto um barco a vela, branco navegando
É tanto céu e mar num beijo azul"
Neste mundo de ficção, não há limite de tempo ou de espaço. Em vez de dividir a Terra em dois hemisférios, a Linha do Equador é como um tobogã que nos leva para os quatro cantos do mundo em fração de segundo. Comandando uma solitária tripulação de um barco branco, nós temos a capacidade de navegar entre o céu e o mar. Tudo é mágico, como um beijo azul – que representa o encontro entre as superfícies celestial e a marítima.
"Entre as nuvens
Vem surgindo um lindo avião rosa e grená
Tudo em volta, colorindo
Com suas luzes a piscar
Basta imaginar e ele está partindo, sereno e lindo
Se a gente quiser, ele vai pousar"
E o poeta segue brincando e nos fazendo imaginar quão gostoso é se jogar nesse fantástico “mundo de faz de conta” que é o universo infantil. O sonho de voar povoa a mente de toda criança. Todo mundo, ao menos uma vez, já sonhou estar voando, sendo pássaro ou mesmo como passageiro de uma aeronave a cortar as nuvens, que nos parecem flocos de algodão, com todas suas luzes a piscar.
Spoiler: na próxima parte, ainda que de forma sutil, o autor ensina que as “nuvens não são feitas de algodão”.
Segunda parte – Olá, vida adulta
"Numa folha qualquer, eu desenho um navio de partida
Com alguns bons amigos, bebendo de bem com a vida
De uma América a outra, eu consigo passar num segundo
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo"
Nos versos acima, observamos que o aspecto lúdico é ligeiramente adormecido. O poeta procura ensinar que a vida é feita de partidas e chegadas, de idas e vindas. Desta forma, a letra sai um pouquinho do mundo da imaginação e entra na fase da vida em que, teoricamente, todos nós precisamos começar a lidar com pautas mais sérias.
"Um menino caminha e caminhando chega no muro
E ali logo em frente, a esperar pela gente, o futuro está"
Na figura da caminhada do menino, Toquinho mostra que o futuro está logo ali. Porém, o compositor mostra que a passagem do tempo pode acontecer longe de regras ou metodologias cansativas. A caminhada deve acontecer de forma colorida e engraçada, cheia de alegria. A letra também nos mostra que na vida há obstáculos , os “muros”, que são ultrapassados com o uso da criatividade.
"E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar
Não tem tempo, nem piedade, nem tem hora de chegar
Sem pedir licença, muda a nossa vida depois convida a rir ou chorar
Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar
Vamos todos, numa linda passarela
De uma aquarela que um dia enfim
Descolorirá"
É comum os pais se darem ao direito de pilotar os filhos rumo ao futuro. Mais comum ainda é a linha tênue que separa os pais da frustração (que motiva o choro) e a dualidade do regozijo (que motivo o choro e o riso). O que não pode ser esquecido, no entanto, é o fato de que cada ser humano é uma individualidade, com personalidade própria, e que precisa aprender a lidar sozinho com os erros e acertos da longa estrada da vida.
Terceira parte – Tudo tem seu ponto final
"Numa folha qualquer, eu desenho um sol amarelo
Que descolorirá
E com cinco ou seis retas, e fácil fazer um castelo
Que descolorirá
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo
Que descolorirá"
Na terceira e última parte, a letra da música assume um caráter mais “pés no chão”. Sem perder a ternura da poesia, esses poucos versos são suficientes para nos ensinar que tudo “descolorirá”, isto é, tudo chega ao fim. Trata-se de um leve choque de realidade! Com toda sutileza que lhe é cara, Toquinho deixa claro que a vida é desprevenida, exata e que um dia acaba. O importante, no entanto, é não perder a leveza…
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