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Sagot :
Resposta:
Apesar da seleção natural, você carrega sinais da evolução em seu corpo
Esse músculo salta no seu braço? -
Esse músculo salta no seu braço?
Você já deve ter notado, ao flexionar a mão para dentro, que “salta” do punho um tendão minúsculo, um feixe cartilaginoso com pouco mais de três centímetros entre o punho o antebraço.
Essa é a parte visível do músculo palmar longo, que já foi muito útil para que nossos ancestrais subissem ou se pendurassem em árvores mas que hoje não tem utilidade funcional – a ponto de 1 bilhão de pessoas no mundo simplesmente não ostentarem o músculo na sua estrutura óssea, sem qualquer prejuízo à sua vida. (Lembrando que somos mais de 7 bilhões no mundo).
Assim como o palmar longo, outros “vestígios” da evolução podem ser facilmente encontrados em qualquer corpo humano: o músculo eretor dos pelos que nos provoca arrepios, os dentes de siso (conhecidos como terceiros molares), o apêndice, o tubérculo de Darwin, o músculo plantar. Todos aparentemente sem utilidade, mas que um dia foram importantes para ancestrais do homem.
Mas, se não têm mais utilidade, por que os órgãos vestigiais, como a Ciência denomina essas estruturas, não desapareceram do corpo humano?
“No jargão da biologia evolutiva, adaptação e reprodução são virtualmente sinônimos. Então, o fato de que não se use ou, ao contrário, se use mais determinadas estruturas não faz com que elas se modifiquem, a menos que seja via seleção natural”, explica. Elas mudam quando as variações morfológicas, cientificamente tratadas como fenotípicas, apresentam uma vantagem adaptativa para os indivíduos.
Nesse caso, é evidente que o fenótipo vantajoso será transmitido naturalmente para as gerações futuras, desde que haja uma base genética capaz dessa transmissão. Mas, no segundo caso, a seleção natural não tem muito o que fazer com o futuro da população. Aí entram alguns órgãos vestigiais: como não apresentam vantagem competitiva, são menos afetados pelo processo de seleção natural. Por serem neutras, não são afetadas.
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Apêndice
Imagem: iStock
“O principal fator capaz de mudar o perfil fenotípico, quando não há vantagem aparente, é o acaso. Ter ou não ter pelos no corpo, ou siso, não afeta a adaptação do indivíduo ao meio e, portanto, não afeta a maneira como se reproduz. Aqui é importante observar: evolução não é apenas seleção natural ou adaptação. Essas características “inócuas” estão sendo afetadas por processos evolutivos, como a deriva genética, que são fruto do acaso”, sustenta.
A coluna vertebral é um bom exemplo de como a seleção natural se processa. Nosso bipedalismo é anterior à espécie humana e foi uma pré-adaptação à transformação das florestas africanas em savanas – com as mãos livres e sem necessidade de subir em árvores, sobreviveu quem se adaptou a esse ambiente.
Em quase cinco milhões de anos, a anatomia tratou de adaptar a estrutura óssea da coluna humana para suportar a pressão de andar sobre as patas traseiras – o formato em S e a ossatura pélvica reforçada, por exemplo.
Mas problemas modernos decorrentes dessa condição, como a hérnia de disco, não foram tratados pela evolução. “O fato de estarmos totalmente bípedes há ‘apenas’ alguns milhões de anos certamente tem algum impacto sobre a coluna, mas para que a evolução atue teríamos que pensar que existem pessoas mais ou menos resistentes às dores, que isso pode ser herdável e, mais importante, que as pessoas com menos dores, que seriam as mais adaptadas, sejam aquelas que têm mais filhos”, argumenta o professor.
Como essas condições não estão presentes, continuamos sentindo a genérica “dor nas costas”. Da mesma forma, não existe nenhum bom motivo pra garantir que cada vez menos gente tenha o siso. “Existe quem não tem nenhum, quem tem os quatro e todas as variantes possíveis. Por quê? Porque dificilmente isso irá afetar a sobrevivência e a reprodução. O siso só vai desaparecer se esperarmos tempo suficiente e se a deriva genética causar essa modificação. Isso é tão provável quanto, por acaso, todos voltarmos a ter os quatro sisos”, completa.
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