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em que espalhou o deserto

Ignácio de Loyola Brandão

Quando menino, costumava apanhar a tesoura da mãe e ia para o quintal, cortando

folhas das árvores. Havia mangueiras, abacateiros, ameixeiras, pessegueiros e até

mesmo jabuticabeiras. Um quintal enorme, que parecia uma chácara e onde o

menino passava o dia cortando folhas. A mãe gostava, assim ele não ia para a rua,

não andava em más companhias. E sempre que o menino apanhava o seu caminhão

de madeira (naquele tempo, ainda não havia os caminhões de plástico, felizmente)

e cruzava o portão, a mãe corria com a tesoura: tome, filhinho, venha brincar com

as suas folhas. Ele voltava e cortava. As árvores levavam vantagem, porque eram

imensas e o menino pequeno. O seu trabalho rendia pouco, apesar do dia-a-dia,

constante, de manhã à noite.

Mas o menino cresceu, ganhou tesouras maiores. Parecia determinado, à medida

que o tempo passava, a acabar com as folhas todas. Dominado por uma estranha

impulsão, ele não queria ir à escola, não queria ir ao cinema, não tinha namoradas

ou amigos. Apenas tesouras, das mais diversas qualidades e tipos. Dormia com elas

no quarto. (…)

Só que, agora, ele era maior e as árvores começaram a perder. Ele demorou apenas

uma semana para limpar a jabuticabeira. Quinze dias para a mangueira menor e

vinte e cinco para a maior. Quarenta dias para o abacateiro que era imenso, tinha

mais de cinquenta anos. E seis meses depois, quando concluiu, já a jabuticabeira

tinha novas folhas e ele precisou recomeçar.

Certa noite, regressando do quintal agora silencioso, porque o desbastamento das

árvores tinha afugentado pássaros e destruído ninhos, ele concluiu que de nada

adiantaria podar as folhas. Elas se recomporiam sempre. É uma capacidade da

natureza, morrer e reviver. Como o seu cérebro era diminuto, ele demorou meses

para encontrar a solução: um machado.

Numa terça-feira, bem cedo, que não era de perder tempo, começou a derrubada do

abacateiro. Levou dez dias, porque não estava habituado a manejar machados, as

mãos calejaram, sangraram. Adquirida a prática, limpou o quintal e descansou

aliviado.

Mas insatisfeito, porque agora passava os dias a olhar aquela desolação, ele saiu de

machado em punho, para os arredores da cidade. Onde encontrava árvore, capões,

matos atacava, limpava, deixava os montes de lenhas arrumadinhos para quequisesse se servir. Os donos dos terrenos não se importavam, estavam em vias de

vendê-los para fábricas ou imobiliárias e precisavam de tudo limpo mesmo.

E o homem do machado descobriu que podia ganhar a vida com o seu instrumento.

Onde quer que precisassem derrubar árvores, ele era chamado. Não parava.

Contratou uma secretária para organizar uma agenda. Depois, auxiliares. Montou

uma companhia, construiu edifícios para guardar machados, abrigar seus operários

devastadores. Importou tratores e máquinas especializadas do estrangeiro. Mandou

assistentes fazerem cursos nos Estados Unidos e Europa. Eles voltaram peritos de

primeira linha. E trabalhavam, derrubavam. Foram do sul ao norte, não deixando

nada em pé. Onde quer que houvesse uma folha verde, lá estava uma tesoura, um

machado, um aparelho eletrônico para arrasar.

E enquanto ele ficava milionário, o país se transformava num deserto, terra

calcinada. E então, o governo, para remediar, mandou buscar em Israel técnicos

especializados em tornar férteis as terras do deserto. E os homens mandaram

plantar árvores. E enquanto as árvores eram plantadas, o homem do machado

ensinava ao filho a sua profissão.

ATIVIDADES DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTO:

1) Este texto classifica-se em: ( ) narrativo ( ) informativo ( ) poético.

2) O narrador participa da história: ( ) sim ( ) não.

3) Quantos parágrafos há no texto? ( ) 10 ( ) 8 ( ) 9.

4) Reescreva as frases, substituindo as palavras ou expressões destacadas pelos

sinônimos do quadro:
exterior-espantado-pegar-insignificante-experientes

a) O desbastamento das árvores tinha afugentado os pássaros.

b) O seu cérebro era diminuto.

c) Chegaram máquinas do estrangeiro.

d) Eles voltaram peritos de primeira linha.
e) Costumava apanhar a tesoura da mãe e ia para o quintal.

5) Escreva uma frase empregando o verbo apanhar em sentido diferente do que

foi usado no texto.

6) Assinale as características do personagem principal:

( ) compulsivo

( ) amigo do meio ambiente

( ) de inteligência diminuta

( ) alegre

( ) obsessivo

( ) destruidor

7) Retire do texto os seguintes itens:

a) Os personagens:

b) Tempo e espaço em que se passa a história:

c) Assunto principal:

Gente me ajudem pfv!​

Sagot :

Resposta:

letra c porque o assunto principal