O PODER E O ESTADO
De acordo com Norbert Elias (1897-1990), no livro A sociedade dos indivíduos (1987), há uma
tendência nas ciências sociais de não considerar o Estado como objeto da Sociologia. Ele afirma que
isso vem de uma antiga tradição intelectual que vê o Estado como algo extras social ou até oposto à
sociedade. Desde o século XVIII, o termo “sociedade” — ou “sociedade civil” — era usado como
contraposição a “Estado”, pois havia interesse da classe em ascensão, a burguesia, em acentuar essa
separação. Naquela época, a burguesia procurava destacar a ideia de que a nobreza detinha o
monopólio do poder do Estado.
Essa ideia de separação entre sociedade e Estado dominou por muito tempo e prejudicou a
compreensão de que o Estado se estrutura nas questões públicas e sua constituição decorre de um
processo histórico. Neste capítulo vamos verificar como os autores clássicos da Sociologia abordaram
essa questão.
Karl Marx (1818-1883), Émile Durkheim (1858-1917) e Max Weber (1864-1920), os três autores
clássicos da Sociologia, tiveram, cada um a seu modo, uma vida política intensa e fizeram reflexões
importantes sobre o Estado e a democracia de seu tempo. Vamos ver o que pensavam sobre esses
temas.
Em seus estudos, voltados à análise das relações de produção na sociedade capitalista, Marx não
formulou uma teoria específica sobre o Estado e o poder. Num primeiro momento, ele se aproximou
da concepção anarquista, definindo o Estado como uma entidade abstrata, contraposta à sociedade,
que procurava conciliar os
ATIVIDADE
1 – Segundo um ator: Norbert Elias, o estado não pode ser considerado objeto da sociologia, por
que?