A partilha da África entre países da Europa e a implantação de atividades
econômicas voltadas para o abastecimento do mercado europeu trouxeram
profundas consequências: desestruturaram completamente a organização política,
econômica e cultural da maioria dos povos africanos, que, há séculos, mantinham
modos de vida muito distintos dos europeus.
Essa desestruturação social ocorreu, principalmente, porquê:
1) as fronteiras traçadas pelos europeus levaram em conta apenas os seus
interesses econômicos, não respeitando os limites territoriais que já existiam entre
os grupos tribais. Isso acabou separando povos com uma mesma identidade
histórico-cultural, ou colocando dentro do território, de uma mesma colônia, antigas
tribos rivais;
2) os povos africanos eram, originalmente, dedicados a uma agricultura de
subsistência e ao pastoreio, enquanto outros grupos dedicavam-se à caça e à coleta de frutos e raízes. Com a introdução das atividades agrícolas de plantations e da
mineração, foram estabelecidos empresas e núcleos de povoamentos de europeus
no interior da África, resultando na desapropriação de áreas de diversas tribos.
Assim, muitas dessas populações deixaram de trabalhar em suas atividades
tradicionais para se tornarem mão de obra assalariada ou mesmo escravos dos
próprios europeus que desapropriaram suas terras. Para as tribos que persistiram no
trabalho agrícola, restaram, na maioria dos casos, as áreas com solos pouco férteis;
3) muitas regiões onde se desenvolveram as plantations e a mineração eram pouco
povoadas, o que levou os colonizadores a deslocar grandes contingentes de
africanos de regiões distantes para as áreas de maior exploração. Esse fato acabou
provocando uma redução populacional nas regiões de origem desses migrantes.
Houve, portanto, uma reorganização do espaço africano pelos colonizadores
europeus que caracterizou pela exploração e pelo desrespeito às necessidades dos
povos que o habitavam. Isso gerou grandes conflitos e problemas sociais na África.