Leia a crônica:
DE QUEM SÃO OS MENINOS DE RUA?
Eu, na rua, com pressa, e o menino segurou no meu braço, falou qualquer coisa que não entendi. Fui logo dizendo que não tinha. Certa de que ele estava pedindo dinheiro. Não estava. Queria saber a hora. Talvez não fosse um Menino De Família, mas também não era um Menino De Rua. É assim que a gente divide. O Menino De Família é aquele bem-vestido com tênis da moda e camiseta de marca, que usa relógio e a mãe dá outro se o dele for roubado por um Menino De Rua. Menino De Rua é aquele que quando a gente passa perto segura a bolsa com força porque pensa que ele é pivete, trombadinha, ladrão. Ouvindo essas expressões tem-se a impressão de que as coisas se passam muito naturalmente, uns nascendo De Família, outros nascendo De Rua. Como se a rua, e não uma família, não um pai e uma mãe, ou mesmo apenas uma mãe os tivesse gerado, sendo eles filhos diretos dos paralelepípedos e das calçadas, diferentes, portanto, das outras crianças, e excluídos das preocupações que temos com elas. É por isso, talvez, que, se vemos uma criança bem-vestida chorando sozinha num shopping center ou num supermercado, logo nos acercamos, protetores, perguntando se está perdida, ou precisando de alguma coisa. Mas, se vemos uma criança maltrapilha chorando num sinal com uma caixa de chicletes na mão, engrenamos a primeira no carro e nos afastamos pensando vagamente no seu abandono.
(COLASANTI, Marina. A casa das palavras. São Paulo: Ática, 2002.)
1. Como o narrador descreve “Menino de Rua”?Assinale a alternativa que contém uma figura de linguagem expressa na frase em destaque. *
1 ponto
a) É aquele bem-vestido com tênis da moda e camiseta de marca, que usa relógio e a mãe dá outro se o dele for roubado.
b) Menino que segura no braço das pessoas, perguntando as horas como desculpa para pedir dinheiro.
c) É aquele que quando a gente passa perto segura a bolsa com força porque pensa que ele é pivete, trombadinha, ladrão.
d) É uma criança maltrapilha chorando num sinal com uma caixa de chicletes na mão sendo amparada por pessoas protetoras.
Leia este fragmento do poema Menino de Rua, de Patativa do Assaré:
Menino de Rua, garoto indigente
Infanto Carente,
Não sabe onde vai
Menino de Rua, assim maltrapilho
De quem tu és filho
Onde anda o teu pai?
Tu vagas incerto não achas abrigo
Exposto ao perigo
De um drama de horror
É sobre a sarjeta que dormes teu sono,
No grande abandono
Não tens protetor
Patativa do Assaré, Aqui tem Coisa, 2004
2. Compare o fragmento do poema de Patativa do Assaré (lido acima) com a crônica de Marina Colasanti, “De quem são os meninos de rua”, e assinale a alternativa que melhor exprime a correlação entre ambos. *
1 ponto
a. Apesar da expressão Menino de Rua estar em ambos, não há um tema em comum entre eles.
b. Há semelhança com relação aos personagens, o Menino De Rua e o Menino De Família.
c. Os dois podem ser considerados textos em prosa, pois são escritos em parágrafos.
d. Há intertextualidade na medida em que ambos trabalham o mesmo tema ou assunto.