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Sagot :
Resposta:
O ofício de intérprete do Brasil
Cada vez mais rara, a tentativa de interpretação do Brasil foi empreendida por diversos pensadores. Poucos, porém, conseguiram realizá-la de forma satisfatória. Talvez porque seja mesmo impossível cumprir essa tarefa. Concluir um entendimento para algo tão complexo e mutável como as dinâmicas sociais de uma nação é se arriscar em algo que nunca poderá ser plenamente realizado. Por isso, acreditamos que uma das características centrais dos grandes intérpretes esteja em abrir espaço para novos questionamentos e na capacidade de fornecer material para novas reflexões. Dessa forma, a melhor maneira de homenagear um intérprete é tentar levar adiante suas inquietações.
Antonio Candido de Mello e Souza (1918-2017) foi um dos pensadores que resolveu enfrentar essa tarefa irrealizável e a melhor maneira de fazer justiça a seu pensamento é manter suas contribuições em constante debate. Neste texto, a proposta é pensar junto com o autor suas próprias questões, tentar entender seus limites e potencialidades.
Interpretar o Brasil à luz da literatura foi seu grande objetivo. Sabia, porém, que isso lhe exigiria determinadas precauções de ordem teórico-metodológica. Tentaremos expor a maneira como ele empreendeu esse trabalho e suas implicações. Para fazer isso, será nosso objetivo compreender a posição do autor no contexto de sua produção, investigar alguns de seus principais conceitos (sobretudo a “dialética do local e do universal” e o “sistema literário”) e refletir como eles forneceram o substrato de sua análise da formação da sociedade brasileira.
Antonio Candido iniciou o seu trabalho de crítico literário na década de 1940, período em que trabalhava para a crítica de jornal, tendo que comentar semanalmente algumas obras indicadas. Entre 1941 e 1944 ele começou a escrever para a revista Clima, ao lado de Paulo Emílio Salles Gomes, Gilda Rocha de Mello e Souza, Alfredo Mesquita, Décio de Almeida Prado, entre outros. Em 1942, ingressou no corpo docente da Universidade de São Paulo, tornando-se assistente do professor Fernando de Azevedo (1894-1974) e colega de Florestan Fernandes (1920-1995). O tempo em que trabalhou como assistente lhe foi fundamental para compreender a importância da educação e da literatura como mecanismos indispensáveis na construção de um projeto de país mais democrático e inclusivo.
Explicação:
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