QUESTÃO 10
A conquista da velhice
“A velhice, que hoje tarda bem mais do que décadas atrás, pode ser bela, alegre e apreciada enquanto não for
amarga.
Uma das melhores frases que escutei sobre velhice e envelhecer, porque realista e bem-humorada, foi:
"Velhice? Eu acho ótima, até porque a alternativa seria a morte!"Não é em geral o que se escuta. Mesmo velhos que
têm boa saúde e poderiam estar curtindo alguma coisa costumam se lamentar em lugar de viver. E, acreditem,
sempre há o que fazer, aprender, renovar. Vai-se, é verdade, parte da energia (a lucidez, não necessariamente, e se
a perdermos não saberemos: a natureza pode ser misericordiosa).
Para quando a inevitável velhice chegar, tomei como meu modelo, talvez inatingivel, minha comadre, madrinha
de um de meus filhos, minha amada amiga Mafalda Verissimo, viúva de Érico e mãe de Luiz Fernando. Sei que,
ainda hoje, esteja onde estiver, ela sabe de mim, me cuida. Se pudesse me aconselhar, como costumava fazer,
haveriamos de dar juntas boas risadas.
Essa velha dama, que, como minha mãe, morreu aos 90 anos, detestaria ser lembrada com tristeza. Uma de
suas marcas era o bom humor, que, nessa idade, mais do que em todas, é essencial: divertidos eram seus olhos
muito azuis revelando o interesse múltiplo e alerta, aberto o coração.
A gente não a visitava para lhe fazer companhia (sua casa abrigava família e muitos amigos), mas porque nós
precisávamos dela, ela nos alimentava com seu interesse, nos animava com sua vitalidade. Lia todos os jornais,
entusiasmava-se com novidades, e as que não aprovava lá muito eram comentadas, também, com seu jeito divertido.
LUFT, Lya. Disponível em: . Acesso em: 8 jul. 2016.
O período, retirado da crônica, em que a concordância verbal foi alterada para se adequar a troca da pessoa do
discurso foi:
A) "A velhice, que hoje tarda bem mais do que décadas atrás, pode ser bela (...".
B) 'Mesmo velhos que têm boa saúde e poderiam estar curtindo [..)".
C) "E, acreditem, sempre há o que fazer, aprender, renovar".
D) "A gente não a visitava para lhe fazer companhia (...), mas porque nos precisávamos dela (...)".
E) "[...] ela nos alimentava com seu interesse, nos animava com sua vitalidade".