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como aconteceu o processo de colonização no território pankará​

Sagot :

Resposta:

O povo Pankará, semelhante a outros povos situados na região Nordeste, passou por um processo histórico não linear, caracterizado pelo fluxo constante de grupos indígenas nos sertões do Pajeú e adjacências como conseqüência do esbulho de suas terras por tradicionais invasores presentes no cenário político desde o período colonial, retratando, de certo modo, o contexto de dominação política e econômica presente nessa região até os dias atuais.

Todo o período do século XVII até início do século XVIII foi marcado pela expansão da pecuária nos Vales do Pajeú e São Francisco promovida pela Casa da Torre, comandada pelos Garcia D’Ávila. Neste período, descendentes de fundadores da Casa da Torre concederam a familiares dotes de terras por todo o riacho do Pajeú, estabelecendo-se as primeiras fazendas sob o controle de famílias de coronéis.

Em decorrência, durante todo o século XVIII é comum encontrar referências sobre os índios dessa região como “revoltados”, “dispersos”, “ladrões de gado”, “bárbaros”. As perseguições e guerras contra os índios se estenderam até o século XIX. Neste período também se legaliza o domínio territorial das famílias tradicionais através do Registro de Terras – Lei Imperial de 1850, para garantir a propriedade imobiliária; as do atual município de Floresta foram registradas, pela primeira vez, em 1858 (Ferraz,1999).

Com a Lei do Registro de Terras, o Estado Brasileiro favoreceu os grandes proprietários que eram também os chefes políticos locais. Pressionado pelas Câmaras Municipais, reduto do coronelismo no Sertão pernambucano, o Governo Imperial decreta oficialmente a extinção dos aldeamentos em Pernambuco entre os anos de 1860 e 1880, sob o argumento da “ausência da pureza racial”. Neste século os índios desta região eram tidos como “misturados”, caboclos”, “confundidos” com a população local. Em fins do século XIX, muda o discurso nos documentos da época, de índios bárbaros a “descendentes”, “criminosos” e até mesmo a total negação da identidade desses povos (Silva,1996:17).

Diante desse contexto, as estratégias encontradas pelos indígenas eram continuar se deslocando para locais de difícil acesso e trabalhar como agricultores, pagando a renda para os “proprietários” das terras ou altos impostos à prefeitura municipal, a exemplo das Serras Umã e Arapuá, uma vez que todo pedaço do território no Sertão do Pajeú já estava de posse dos grandes latifundiários, os mesmos que exercem hoje o domínio político e econômico na região.