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Sagot :
O descarte inadequado de medicamentos pode causar sérios danos ao meio ambiente e à saúde da população. Por isso, jogá-los fora de maneira correta é fundamental. Porém, poucas pessoas tem conhecimento sobre o assunto e não há legislação nem postos apropriados de coleta no Brasil. O que fazer então com o remédio que iria para o lixo?
Todos os anos toneladas de remédios são produzidas e vendidas tanto na medicina humana, quanto na veterinária. Desses fármacos, entre 50 e 90% de sua dosagem permanece inalterada quando excretada e persiste no meio ambiente. Em locais onde não existe aterro sanitário, os resíduos vão para lixões a céu aberto. Lá, essas substâncias se infiltram no terreno e contaminam o solo e as águas.
Por conta disso, muitos desses fármacos vêm sendo encontrados, em concentrações bastante altas, em afluentes de Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) e águas naturais. Na Alemanha, 18 antibióticos foram identificados em afluentes de ETEs e águas superficiais. Aqui no Brasil, foi realizada uma pesquisa pelo doInstituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação da Universidade Estadual do Rio de Janeiros (COPPE-UFRJ) que verificou que grande parte dos medicamentos é descartada no esgoto doméstico.
Os estudos também mostraram que várias dessas substâncias são resistentes ao processo de tratamento das ETEs, permanecendo no meio ambiente por longos períodos. Isso pode acarreta dois sérios riscos à população e à natureza. O primeiro é a contaminação dos recursos hídricos e o outro é que esses produtos acabam com microorganismos menos fortes, deixando vivos apenas os mais resistentes. Assim, uma bactéria presente em um rio que contenha traços de antibióticos pode adquirir resistência a essas substâncias.
Descarte
No Brasil não há uma lei ou regulamento que administre o descarte de medicamentos. Tampouco há postos especializados nesse tipo de coleta. Por conta disso, a grande maioria dos remédios é jogada fora em lixos comuns e em redes de esgoto.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é o órgão responsável apenas pela regulamentação e fiscalização dos estabelecimentos de serviços de saúde no Brasil, o que deixa de fora a questão do descarte de medicamentos e não resolve o nosso problema.
Ao contrário de outros produtos, como pilhas, baterias e celulares, que podem ser entregues nos pontos de compra, os fármacos não podem ser devolvidos nas farmácias. Além desses estabelecimentos não possuírem a obrigação de aceitá-los, os consumidores correriam o risco de uma comercialização indevida dos medicamentos.
Centros de saúde ou qualquer outra instituição de serviço desse tipo também não devem aceitar medicamentos mesmo que estejam dentro do prazo de validade. Isso ocorre porque sempre serão desconhecidas as reais condições de armazenamento e conservação dos produtos, o que pode adulterar as suas propriedades terapêuticas.
O que fazer então?
Se descartar corretamente é tão importante, o que fazer quando um remédio passar do prazo de validade ou estragar por algum motivo?
Existem duas possibilidade. A primeira seria a criação de pontos para coleta dos remédios vencidos que seriam encaminhados para o descarte adequado. Essas empresas especializadas fariam o recolhimento e incineração dos medicamentos, garantindo que eles não chegariam aos lixões ou redes de esgoto. A outra seria uma mobilização maciça da sociedade para cobrar dos órgãos responsáveis uma medida que solucionasse o problema.
Enquanto nenhuma das duas acontece, o melhor a fazer é reduzi ao máximo a quantidade de remédios jogada fora. Para isso, compre apenas o necessário e lembre-se de pedir ao farmacêutico sempre a quantidade fracionada do medicamento. Isso reduz o acúmulo de produtos e, consequentemente, a quantidade de fármacos descartados diariamente.
O problema é grave a ainda não há uma solução clara para ele. A informação, a mobilização social e a pressão junto às autoridades são as maiores armas para evitar que a contaminação continue e que tanto os homens quanto o meio ambiente sofram cada vez mais com o descarte inadequado de medicamentos.
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