enquadramento porque:
Diferenciar o ensino, segundo Perrenoud, "é fazer com que cada aprendiz vivencie, tão freqüentemente e quanto possível, situações fecundas de aprendizagem". E a escola necessita urgentemente, desse estado de fecundidade permanente, para que se possam gestar pessoas com saberes plurais e, concomitantemente singulares.Mário de Andrade numa aula inaugural, em 1938, surpreende o auditório confessando não saber o que seja nem o Belo, nem a Arte. Afirma que todo artista deve ser artesão, fala da imprevisibilidade do artesanato, da desnecessidade do virtuosismo e na solução pessoal dada pelo artista ao fazer a obra de arte - atitude imprescindível e inensinável. Arte, para ele, é uma forma de aprofundamento da consciência.Não para esclarecer, mas para confundir (como dizia Abelardo Chacrinha), e instalar as incertezas aponto alguns verbetes agrupados no livro de Frederico Morais: "Arte e filosofia"; "Arte e sociedade"; "Arte e consciência do mundo".Do primeiro, trago Paul Klee: "sem o desejar expressamente, o artista é um filósofo. O seu olhar vai mais longe. No lugar da imagem terminada da natureza, ele percebe o único quadro essencial da criação, a gênese"; e Joseph Kosuth (1969): "O que a Arte tem em comum com a lógica e a matemática é que ela é tautologia, a idéia da Arte e a Arte são a mesma coisa. (...) A única reivindicação da Arte é a Arte. A Arte é a definição da Arte".Sobre "Arte e sociedade", diz Pierre Francastel (1956): "a Arte é uma construção, um poder de ordenar e prefigurar. O artista não traduz, inventa. Nos encontramos no domínio das realidades imaginárias. Mas não resulta disso que este domínio do imaginário se encontre sem qualquer relação com a realidade humana e com as outras formas de atividade, sejam materiais, sejam igualmente imaginárias e figurativas do homem segundo outros veios de seu pensamento". Sobre o verbete, diz Suzanne Langer (1966): "a educação artística é a educação do sentimento, e uma sociedade que descuida dela se entrega à emoção informe. A Arte ruim é a corrupção do sentimento. Trata-se de um fator de importância no irracionalismo que exploram os demagogos". E sobre "Arte e consciência do mundo", afirma a mesma filósofa (também em 66): "a Arte é a expressão da consciência humana em uma imagem metafórica única". Na mesma direção, escreve Herbert Read (1957): "a função da Arte é o aprimoramento da consciência humana". E termino a minha "seleção" dos verbetes, com Giulio Carlo Argan (1957): "a Arte não é êxtase místico nem vã satisfação dos desejos materiais, mas uma percepção mais clara e eficaz das coisas, um modo mais lúcido de estar no mundo". Cada uma dessas vozes aqui agrupadas, me faz "debruçar" sobre a Arte e a educação, a Arte e a vida, a Arte na vida das pessoas.